Mais da metade dos pacientes diagnosticados com alguns tipos de câncer tabaco-relacionados no Brasil não sobrevivem à doença. Em alguns casos, a letalidade chega a mais de 80%, como o câncer de esôfago. A lista inclui ainda cânceres de cavidade oral, estômago, cólon e reto, laringe, colo do útero e bexiga.
Os dados fazem parte do estudo Impactos do tabagismo além do câncer de pulmão, divulgado no Dia Nacional de Combate ao Câncer (27/11), pela Fundação do Câncer. A publicação analisou a incidência, mortalidade e letalidade de sete tipos de câncer tabaco-relacionados e reforça que o cigarro se mantém como um dos maiores causadores de câncer e mortes evitáveis no país.
Luiz Augusto Maltoni, diretor-executivo da Fundação do Câncer, ressalta que em torno de 12% da população brasileira ainda fuma. "Nós precisamos continuar trabalhando para fazer com que as pessoas entendam os malefícios do tabagismo e reconheçam o cigarro como um dos principais causadores de doenças no ser humano, não só de cânceres, mas de doenças cardiovasculares e pulmonares".
Para ele, é inevitável que as pessoas relacionem o tabagismo ao desenvolvimento do câncer de pulmão, mas há outros tipos de câncer que são tabaco-relacionados, como os de esôfago, bexiga e o de cólon e reto, que têm como um dos fatores predisponentes o tabagismo, além do sobrepeso.
Maltoni também faz um alerta sobre um novo inimigo, os vapes. "Nosso país é um dos poucos que mantém proibido o cigarro eletrônico, mas não nos livramos ainda de discursos dirigidos aos jovens. Para enfrentá-los, precisamos unir a sociedade organizada e as instituições médicas contra as forças da indústria do tabaco".
Ele ressalta que a Fundação do Câncer lançou o 'Movimento Vape Off', cujo objetivo é sensibilizar e orientar a sociedade sobre os malefícios dos dispositivos eletrônicos para fumar.
Veja os principais dados do estudo 'Impactos do tabagismo além do câncer de pulmão'
Os cânceres relacionados ao tabagismo representam 17,2% do total de novos casos estimados (121.230):
- cavidade oral: 15.100
- esôfago: 10.990
- estômago: 13.340
- cólon e reto: 45.630
- laringe: 7.790
- colo do útero: 17.010
- bexiga: 11.370.
Juntos, eles representam 26,5% do total de óbitos (63.387):
- cavidade oral: 6.605
- esôfago: 8.571
- estômago: 9.171
- cólon e reto: 22.326
- laringe: 4.612
- colo do útero: 6.983
- bexiga: 5.119.
Câncer de cavidade oral
São estimados 15.100 casos novos de câncer de cavidade oral para o Brasil no ano de 2024 (10.900 em homens e 4.200 em mulheres). Ocorreram 6.605 óbitos no ano de 2022 no país (5.086 em homens e 1.519 em mulheres). A taxa de incidência para o Brasil foi de 7,64 no sexo masculino e 2,61 no sexo feminino, ambos a cada 100 mil habitantes.
Câncer de esôfago
É estimada, para o ano de 2024 no Brasil, a ocorrência de 10.990 casos novos de câncer de esôfago (8.200 em homens e 2.790 em mulheres). Em 2022, ocorreu um total de 8.571 óbitos pela doença no país (6.694 em homens e 1.877 em mulheres). A taxa de incidência ajustada para o Brasil foi de 5,46/100 mil nos homens e 1,43/100 mil nas mulheres. A taxa de mortalidade no país, em 2022, foi de 5 óbitos por câncer de esôfago para cada 100 mil homens e 1 óbito a cada 100 mil mulheres. Observou-se uma alta letalidade estimada em ambos os sexos, ficando acima de 80% para a maioria das regiões brasileiras.
Câncer de estômago
No Brasil, para o ano de 2024, é estimada a ocorrência de 13.340 casos novos de câncer de estômago na população masculina. A taxa de incidência ajustada é de 9,51 a cada 100 mil homens. Em 2022, houve um total de 9.171 óbitos por este tipo de câncer nos homens, tendo a sua taxa de mortalidade o valor de 6,97/100 mil.
Câncer de cólon e reto
Em 2024, é estimada a ocorrência de mais de 45 mil casos novos de câncer de cólon e reto no Brasil (21.970 em homens e 23.660 em mulheres). A mortalidade de 2022 mostrou a ocorrência de 22.326 óbitos pela doença no país (11.170 em homens e 11.156 em mulheres). Para o Brasil é apresentada uma taxa de incidência ajustada semelhante em ambos os sexos (12,43/100 mil nos homens e 11,06/100 mil nas mulheres). Já para a mortalidade, a taxa ajustada em homens foi de 8,48/100 mil e em mulheres 6,69/100 mil. A letalidade estimada para esta doença variou entre 40% e 60% entre homens e mulheres.
Câncer de laringe
É estimada a ocorrência de 7.790 casos novos de câncer de laringe no Brasil para o ano de 2024 (6.570 em homens e 1.220 em mulheres). Houve a ocorrência de 4.612 óbitos para este tipo de câncer no país em 2022 (4.034 em homens e 578 em mulheres). Os valores das taxas ajustadas de incidência e de mortalidade por câncer de laringe ficaram em torno de 5 casos novos e 3 óbitos por 100 mil homens para todas as regiões do país. A letalidade estimada para o Brasil foi de 65%. Entre as mulheres, as taxas ajustadas de incidência e de mortalidade ficam abaixo de 1 por 100 mil mulheres. Apesar disso, existe uma alta relevância em relação à letalidade da doença, variando de 48% a 88% em todas as regiões brasileiras. Os valores das taxas de incidência mostraram que a ocorrência desse tipo de câncer é cinco vezes maior em homens do que em mulheres.
Câncer do colo do útero
São estimados para o Brasil, em 2024, 17 mil casos novos de câncer do colo do útero na população feminina. As informações sobre mortalidade apontam a ocorrência de 6.983 óbitos por esse câncer no ano de 2022. As taxas ajustadas de incidência e de mortalidade para o Brasil foram 13,25 e 4,79 a cada 100 mil mulheres, respectivamente.
Câncer de bexiga
É estimada a ocorrência de 11.370 casos novos de câncer de bexiga no Brasil em 2024 (7.870 em homens e 3.500 em mulheres). Houve a ocorrência de 5.119 óbitos por esta doença no país no ano de 2022 (3.419 em homens e 1.700 em mulheres). As taxas de incidência ajustadas por idade, para o Brasil, foram 3,96/100 mil no sexo masculino e 1,58/100 mil no sexo feminino. Já as taxas de mortalidade foram 2,41/100 mil em homens e 0,92/100 mil em mulheres.
Com informações, Paula Laboissière, Agência Brasil.
@movimentovapeoff @fundacaodocancer
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