No primeiro semestre de 2025, quando estiver concluída a ponte de 630 metros de comprimento, ligando as cidades de Porto Murtinho (MS) a Carmelo Peralta, no Paraguai, será concluída a Rota Bioceânica ou Rota de Integração Latino-Americana (RILA).
A Rota Bioceânica é fruto de um acordo de cooperação internacional chancelado em 2015 entre Brasil, Paraguai, Argentina e Chile, prevendo um corredor de 2.396 quilômetros ligando o Porto de Santos, em São Paulo, aos portos de Antofagasta e Iquique, no Chile, conectando os dois maiores oceanos do planeta, o Atlântico ao Pacífico.
Uma obra de engenharia que se equivale nos tempos modernos à descoberta do caminho marítimo para a Índia pelo navegador português Vasco da Gama, entre 1497 e 1498.
Atualmente, os produtos brasileiros exportados para a China navegam mais de 24 mil quilômetros e gastam 54 dias para desembarcar em Shanghai, via Canal do Panamá. Utilizando a nova rota o tempo se reduzirá em 12 dias e 5.479km.
Outra grande vantagem da Rota Bioceânica está no bolso. De quem importa, exporta e, por consequência, do consumidor. Estima-se que um navio com 5.000 TEU (containers) tenha que desembolsar US$ 450.000 para cruzar o Canal do Panamá. Gasto que será eliminado em Antofagasta ou Iquique. O aluguel do barco também é bem inferior no Chile (US$ 3.600/dia) do que em Santos (US$ 30.000/dia).
Shanghai para Santos
- Via Canal do Panamá: 24.156km em 54 dias e 8 horas
- Via Antofagasta/Shanghai: 18.677km em 42 dias e 1 hora
- Redução de 12 dias e 5.479km (-23% no tempo de viagem)
Integração Aduaneira
Do lado do Brasil, estão em obras a revitalização da BR-267 e uma estação aduaneira. No Paraguai estão em andamento o asfaltamento de 650km de estradas (trecho conhecido como Picada 500). Entre os dois países a ponte internacional de 630 metros que liga Porto Murtinho (MS) a Carmelo Peralta, sobre o Rio Paraguai, financiada por Itaipu, está com 50% das obras concluídas). Na Argentina e no Chile só restam alguns ajustes legais.
Conforme o Banco Mundial, cada dia adicional que um caminhão fica parado aguardando o desembaraço aduaneiro representa de 0,8% a 2% no custo do transporte.
Em plena operação, a Rota Bioceânica ampliará as possibilidades de comércio com a Ásia, Oceania e Costa Oeste das Américas, potencializando a competitividade de produtos nacionais como carnes e alimentos processados, celulose, automóveis, ônibus e caminhões, calçados e vestuários.
Um estudo do Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC), com apoio do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), prevê que as vendas brasileiras para a China podem chegar a US$ 103,4 bi em 2030. “Em 2021, a China era o destino mais relevante de exportações para 19 estados brasileiros”, revela o estudo e completa: “O nível de concentração das vendas para a China é superior ao de todos os principais parceiros do Brasil”.
Muros e pontes
O auditor fiscal da Receita Estadual e secretário-executivo de Qualificação Profissional e Trabalho do Governo de Mato Grosso do Sul, Bruno Gouvêa Bastos, acredita que a Rota Bioceânica cumprirá um papel estratégico de extrema relevância. “As fronteiras deixaram de ser vistas como ‘muros’ e passaram a ser consideradas ‘pontes’ para a construção de uma nova realidade econômica e social.”
Para ele, as relações transfronteiriças serão consideradas como janelas de oportunidades. “As relações com os países ou territórios vizinhos deixarão de responder a uma lógica de competição e exclusão e serão orientadas por uma lógica de cooperação e colaboração.”
O secretário também espera que a rota promova o crescimento e o desenvolvimento em territórios ou cidades anteriormente isolados. “Carmelo Peralta e Pozo Hondo (Paraguai), Misión La Paz (Argentina) ou Porto Murtinho verão seus respectivos cotidianos sofrerem grandes transformações. Com a geração de empregos locais, o jovem ficará mais motivado a permanecer e trabalhar na sua cidade de origem e não a se deslocar para outros centros urbanos.”
Bruno confia que o desenvolvimento dos territórios também aumentará a oferta de empregos e o nível de renda da população, alimentando a perspectiva de mobilidade social.
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