O estudo ‘Vigitel Brasil 2023 - Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico’, publicado anualmente desde 2006 pelo Ministério da Saúde, apresenta um raio X sobre a frequência e a distribuição dos principais indicadores da carga das doenças crônicas e seus fatores de risco no Brasil.
A publicação é dividida em cinco áreas temáticas: I) tabagismo e consumo abusivo de álcool; II) morbidade referida e autoavaliação de saúde; III) estado nutricional e consumo alimentar; IV) prática de atividade física; e V) prevenção do câncer feminino.
O Vigitel compõe o sistema de Vigilância de Fatores de Risco de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) do Ministério da Saúde cumprindo com eficiência seu objetivo de apoiar a formulação de políticas públicas que promovam a melhoria da qualidade de vida da população brasileira.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), as DCNT foram responsáveis por cerca de 74% das mortes ocorridas globalmente em 2019 (World Health Organization, 2022a). No Brasil, as DCNT são igualmente relevantes, tendo sido responsáveis, em 2019, por 54,7% do total de óbitos registrados, correspondendo a mais de 730 mil óbitos. Destes, 308.511 (41,8%) ocorreram prematuramente, ou seja, entre 30 e 69 anos de idade (Brasil, 2022).
De acordo com a OMS, um pequeno conjunto de fatores de risco responde pela grande maioria das mortes por DCNT e por fração substancial da carga de doenças devida a essas enfermidades. Entre esses fatores, destacam-se o tabagismo, o consumo alimentar inadequado, a inatividade física e o consumo excessivo de bebidas alcoólicas (World Health Organization, 2022b).
Em 2023, o Vigitel completou sua 17ª coleta de dados, reforçando sua condição de maior inquérito de saúde do País, tanto em número de edições quanto em número de entrevistas realizadas. Sempre com o objetivo central de monitorar a prevalência de DCNT e seus fatores de risco entre adultos no Brasil, em suas 17 edições, o Vigitel entrevistou 305.682 homens e 500.487 mulheres, totalizando informações de 806.169 brasileiros. A coleta de dados do Vigitel é realizada por entrevista telefônica, conduzida por uma empresa contratada pelo Ministério da Saúde especialmente para esse fim.
Frequência de fumantes
A frequência de adultos que fumam variou entre 4,8% em Manaus e 13,8% em Porto Alegre. As maiores frequências de fumantes foram encontradas, entre homens, em Curitiba (18,0%), Florianópolis (17,1%) e Campo Grande (16,9%) e, entre mulheres, em Porto Alegre (15,6%), Florianópolis (10,6%) e Rio de Janeiro (10,2%). As menores frequências de fumantes, no sexo masculino, ocorreram em Manaus (7,9%), Natal (7,9%), e Fortaleza (8,1%) e, no sexo feminino, em Manaus (1,8%), Aracaju (2,6%) e Teresina (2,9%).
Excesso de peso
A frequência de adultos com excesso de peso variou entre 50,0% em Teresina e 65,2% no Rio de Janeiro. As maiores frequências de excesso de peso foram observadas, entre homens, em Porto Alegre (68,8%), Rio de Janeiro (68,4%) e Campo Grande (66,9%) e, entre mulheres, em Manaus (64,5%), Salvador (63,1%), Cuiabá (62,9%). As menores frequências de excesso de peso, entre homens, ocorreram em Teresina (50,7%), São Luís (52,6%) e Belo Horizonte (55,5%) e, entre mulheres, em Palmas (44,0%), Teresina (49,4%) e São Luís (51,4%).
Obesidade
A frequência de adultos obesos variou entre 17,7% em Goiânia e 30,4% em Macapá. As maiores frequências de obesidade foram observadas, entre os homens, em Macapá (33,4%), Campo Grande (27,9%) e Porto Alegre (26,8%) e, entre as mulheres, em Fortaleza (29,8%), Cuiabá (29,7%), e Porto Alegre (29,6%). As menores frequências de obesidade ocorreram, entre homens, no Distrito Federal (16,9%), São Luís (17,3%) e Vitória (18,6%), e entre as mulheres, em Goiânia (15,9%), Palmas (17,3%) e Maceió (19,3%).
Metodologia
Tabagismo
Foi considerado fumante o indivíduo que respondeu positivamente à questão “Atualmente, o(a) Sr.(a) fuma?”, independentemente do número de cigarros, da frequência e da duração do hábito de fumar.
Excesso de peso e obesidade
Percentual de adultos com excesso de peso: número de indivíduos com excesso de peso/número de indivíduos entrevistados. Foi considerado com excesso de peso o indivíduo com índice de massa corporal (IMC) ≥25 kg/m2 (World Health Organization, 2000), calculado a partir do peso em quilos dividido pelo quadrado da altura em metros, ambos autorreferidos, conforme as questões: “O(a) Sr.(a) sabe seu peso (mesmo que seja valor aproximado)?”, “O(a) Sr.(a) sabe sua altura?”