O Ministério da Saúde instalou o ‘Centro de Operações de Emergência (COE) para Dengue e outras Arboviroses’ e lançou o novo ‘Plano de Contingência Nacional para Dengue, Chikungunya e Zika’.
Segundo a ministra da Saúde, Nísia Trindade, a ideia é coordenar o planejamento e a reposta por meio do diálogo constante com estados, municípios, pesquisadores e instituições científicas.
Dentre as ações previstas estão se antecipar ao período sazonal da dengue para adequar as redes de saúde; mitigar riscos para evitar casos e óbitos; ampliar medidas preventivas para melhor preparar estados e municípios; e uma articulação nacional para resposta a eventuais situações classificadas como críticas.
Dentre as ações destacadas pela pasta estão:
• expansão do método Wolbachia de três para 40 cidades ainda em 2025;
• implantação de insetos estéreis em aldeias indígenas;
• borrifação residual intradomiciliar em áreas de grande circulação de pessoas, como creches, escolas e asilos;
• estações disseminadoras de larvicidas, com previsão de implantação de 150 mil unidades na primeira fase no projeto;
• uso de Bacillus Thuringiensis Israelensis (BTI) para monitorar e controlar a disseminação do mosquito;
• instalação de cerca de 3 mil estações disseminadoras de larvicida no Distrito Federal, na região do Sol Nascente, com expansão prevista para outras áreas periféricas do país.
Método Wolbachia
A Wolbachia é uma bactéria presente em cerca de 60% dos insetos, inclusive em alguns mosquitos. No entanto, não é encontrada naturalmente no Aedes aegypti. Quando presente neste mosquito, a bactéria impede que os vírus da dengue, Zika, Chikungunya e febre amarela se desenvolvam dentro dele, contribuindo para redução das doenças.
O método funciona assim: mosquitos Aedes aegypti com Wolbachia são liberados para que se reproduzam com os Aedes aegypti locais estabelecendo, aos poucos, uma nova população dos mosquitos, todos com Wolbachia.
Com o tempo, a porcentagem de mosquitos que carregam a Wolbachia aumenta, até que permaneça estável, sem a necessidade de novas liberações. Este efeito torna o método autossustentável e uma intervenção acessível a longo prazo.
Os Wolbitos, como são chamados, não são transgênicos, ou seja, não há qualquer modificação genética no método, e também não transmitem doenças. A wolbachia não pode ser transmitida para humanos ou outros mamíferos.
Exemplos bem-sucedidos
Em 2023, Niterói (RJ) se tornou a primeira cidade brasileira com 100% do território coberto pelo método Wolbachia. O resultado foi a redução de 69,4% dos casos de dengue, 56,3% dos casos de chikungunya e 37% dos casos de Zika na cidade.
Outras localidades do país também estão se valendo do método, como Rio de Janeiro (RJ), Campo Grande (MS), Petrolina (PE), Joinville (SC), Foz do Iguaçu (PR) e Londrina (PR). O trabalho de engajamento comunitário começará a ser realizado em breve também em Uberlândia (MG), Presidente Prudente (SP) e Natal (RN).
O método, que tem origem na Austrália, é aplicado no Brasil porque o país integra, desde 2014, o rol de 11 países que compõem o Programa Mundial de Mosquitos, em inglês World Mosquito Program (WMP). No Brasil, é conduzido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), com financiamento do Ministério da Saúde em parceria com governos locais.
Cenário epidemiológico
Em 2024, o Brasil registrou 6,6 milhões de casos prováveis de dengue e 6 mil óbitos, segundo o painel de atualização de casos de arboviroses do Ministério da Saúde.
Até 8/01/25, foram notificados 10,1 mil casos prováveis e 10 óbitos estão em investigação. Do total de casos, 50% estão concentrados nos estados de São Paulo e Minas Gerais, enquanto a região Sudeste responde por 61,8% das ocorrências.
Com informações, Paula Laboissière, Agência Brasil; Ministério da Saúde.
@niteroipref
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