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World Car Free Day

Dia Mundial sem Carro ainda 'não pegou' no Brasil

Em apenas 10 anos, a frota de veículos no Brasil cresceu quase 50% e as perdas econômicas por problemas de mobilidade urbana estão estimadas em 247,2 bilhões

22/09/2024 - 15:16 Por Wilson Lopes

Paul Bocuse, quando foi prefeito de Lyon, na França, em 1997, instituiu a “Journée sans voiture” para combater a poluição e os congestionamentos que dominavam a cidade. A iniciativa repercutiu pela Europa e, em pouco tempo, se transformou no “World Car Free Day”. Este ano, estima-se que o “Dia Mundial Sem Carro” seja celebrado em mais de 1.500 cidades de 40 países.

No Brasil, 27 anos após, o ‘Dia’ ainda não pegou, mas a data serve para repensar os hábitos de mobilidade urbana, com foco nos benefícios para o meio ambiente, para economia e para a saúde física e mental daqueles quem optam por deixar o veículo motorizado na garagem e, no lugar, adotar meios mais sustentáveis, como a caminhada, bicicleta, monociclo elétrico, patins, skate ou patinete, os chamados modais de mobilidade ativa.

Reflexões à parte, dados da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) apontam na direção contrária. Em apenas 10 anos, a frota de veículos no Brasil saltou de 80.179.368 (2013) para 119.226.663 (2023), um crescimento acelerado de 48,69% em uma década.

O mesmo anuário da Senatran traz outro dado desconcertante. Mesmo com fiscalização precária, a quantidade de infrações de trânsito aplicadas em 2003 bateu na casa das 55.411.486. Mais da metade delas (29.347.893, ou 52,9%), por “transitar em velocidade superior à máxima permitida para o local em até 20%”.

 Total de veículos registrados no Renavam

  • 2013 = 80.179.368
  • 2023 = 119.226.663
  • Crescimento: + 48,69%

A Organização Mundial da Saúde (OMS) avalia que os sinistros de trânsito configuram a oitava principal causa de óbitos do Brasil, sendo que o país é o terceiro com o maior número de mortes no trânsito.

O Dia Mundial sem Carro serve para repensar os hábitos de mobilidade urbana, com foco nos benefícios para o meio ambiente, para economia e para a saúde física e mental (Paulo H. Carvalho/Agência Brasília)

Perdas econômicas

A ‘Análise do impacto da frota de veículos nos Municípios brasileiros’, realizada pela Confederação Nacional de Municípios (CNM), mostra que a grande quantidade de veículos nos municípios não só agrava problemas de congestionamentos, que elevam o tempo de viagens e geram impactos econômicos para usuários e população em geral, como contribuem para o aumento da sinistralidade, forte impacto na infraestrutura viária, agravamento dos problemas de saúde e de estresse, poluição sonora e ambiental. 

O relatório da CNM adverte que “o custo gerado com todas as externalidades negativas de incentivo aos veículos da frota nos municípios é infinitamente superior aos ganhos que se possa auferir com essa política industrial.” E alerta que “as perdas econômicas por problemas de mobilidade urbana estão estimadas em aproximadamente 247,2 bilhões”, valor que poderia resolver problemas de deslocamento e circulação.

Bicicleta Brasil

Organizações da sociedade civil, instituições de ensino e os poderes público e o setor privado apresentaram 74 iniciativas para estimular o uso de bicicletas no país. O Prêmio Bicicleta Brasil, promovido pelo Ministério das Cidades por meio da Secretaria Nacional de Mobilidade Urbana, vai selecionar projetos técnicos, científicos ou artísticos que incentivem o uso de bicicletas em favor da mobilidade nas cidades.

Das seis categorias do prêmio, a que mais teve propostas foi a Incentivo ao Uso da Bicicleta, com 18 projetos. Na categoria de Fomento à Cultura da Bicicleta, foram 17 propostas, e para a categoria Projetos, Planos, Programa e Urbanização, foram 16. As categorias Mobilização e Incidência Política e Sistemas de Informação e Redes tiveram oito projetos cada e a categoria Segurança Viária teve sete projetos. 

A maioria dos projetos foram apresentados por organizações da sociedade civil, com 39 iniciativas. A Região Sudeste teve 30 inscrições, seguida da Região Nordeste, com 16, da Centro-Oeste, com 12, e das regiões Norte e Sul, ambas com oito. 

Os vencedores receberão troféus e certificados, e para as organizações da sociedade civil também haverá recompensa em dinheiro. O primeiro lugar de cada categoria será premiado com R$ 50 mil, o segundo com R$ 20 mil e o terceiro com R$ 5 mil.

A próxima etapa do prêmio é a análise da habilitação das iniciativas. Depois, será feito o julgamento técnico das propostas que estiverem aptas. Todos os participantes inscritos no prêmio serão contemplados com o Selo Bicicleta Brasil, um símbolo que reconhece ações em favor da mobilidade ativa no país.

Com informações, Daniella Almeida, Agência Brasil.

Acesse o anuário do Senatran>>

Acesse a ‘Análise do impacto da frota de veículos nos Municípios brasileiros’ da CNM>>

Acesse o Prêmio Bicicleta Brasil 

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