O Ministério da Educação (MEC), por meio do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), divulgou os resultados da primeira edição do ‘Estudo Internacional de Tendências em Matemática e Ciências (Timss)’ aplicada no Brasil. O país registrou médias de desempenho significativamente inferiores à média internacional.
As redes privada e federal alcançaram uma média de desempenho superior à geral brasileira em todas as etapas (4º e 8º anos do ensino fundamental), nos dois domínios avaliados – matemática e ciências. As escolas localizadas na zona urbana registraram média maior do que a das escolas rurais.
796 escolas participantes
O Brasil aderiu ao estudo em 2022 e a primeira aplicação foi realizada entre agosto e setembro de 2023. A aplicação do Timss contou com a participação de 44.900 estudantes de escolas públicas e privadas em todo o país. Desses, 22.130 estavam matriculados no 4º ano do ensino fundamental e 22.770, no 8º ano.
Ao todo, 796 escolas participaram da pesquisa no 4º ano, com informações coletadas de 1.187 professores de matemática e ciências. Já no 8º ano, 849 escolas foram envolvidas, com a colaboração de 904 professores de matemática e 916 de ciências. O Brasil atingiu taxas de participação de pelo menos 75% tanto no 4º quanto no 8º ano.
Bullying influencia desempenho escolar
Conforme os dados do estudo internacional, o bullying tem uma forte influência no desempenho escolar dos estudantes brasileiros. No 4º ano, 24% dos alunos afirmaram sofrer bullying, e esses estudantes apresentaram uma média de desempenho de 368 pontos em matemática e 387 pontos em ciências. Por outro lado, 48% dos estudantes que relataram nunca ou raramente sofrer bullying alcançaram uma média de 427 e 459 pontos, respectivamente, demonstrando uma diferença significativa de desempenho.
No 8º ano, 23% dos alunos também indicaram sofrer bullying. Esses estudantes tiveram uma média de 384 pontos em ciências e 346 pontos em matemática. Os 43% brasileiros que alegaram sofrer bullying raramente ou nunca alcançaram a média de 446 pontos em ciências e de 403 em matemática.
Lição dentro de casa
Internamente, na proficiência em Matemática (4º ano), as três melhores médias do Brasil foram as do Rio Grande do Sul (455,4), Minas Gerais (422,7) e Paraná (421,6). No 8º ano, os três estados repetiram as posições: Rio Grande do Sul (414,3), Minas Gerais (403,7) e Paraná (397,6). Mesmo assim, nenhum deles conseguiu superar o nível de proficiência “Baixo” e alcançar o “Intermediário” (475 pontos acima).
Na proficiência em Ciência (4º ano), os três estados repetiram o pódio, mas dessa vez com o Paraná conquistando a segunda posição: Rio Grande do Sul (477,4), Paraná (455,3) e Minas Gerais (446,8). No 8º ano, inverte-se novamente: Rio Grande do Sul (451), Minas Gerais (444,9) e Paraná (441,8). Desta vez, o 4º ano de Ciência do Rio Grande do Sul (477,4) saltou para o nível de proficiência “Intermediário” (475 pontos acima).
51% dos estudantes brasileiros do 4º ano e 62% do 8º ano não alcançaram nem o nível baixo em Matemática
39% dos estudantes brasileiros do 4º ano e 42% do 8º ano não alcançaram o nível baixo em Ciências.
Apenas 1% dos estudantes brasileiros atingiu o nível máximo de proficiência em Ciências e Matemática.
Eficácia dos sistemas educacionais
O Estudo Internacional de Tendências em Matemática e Ciências (Trends in International Mathematics and Science Study – TIMSS) é organizado pela Associação Internacional para a Avaliação do Desempenho Educacional (IEA) e fornece dados sobre o desempenho nessas áreas do conhecimento do 4º e 8º ano do ensino fundamental em diferentes países.
A avaliação do TIMSS é aplicada a cada quatro anos, desde 1995, em ciclos de 4 anos (1995, 1999, 2003, 2007, 2011, 2015, 2019 e 2023). Cerca de 70 países usam os dados de tendências para monitorar a eficácia de seus sistemas educacionais em um contexto global, e mais países se unem ao estudo a cada ciclo de avaliação.
O TIMSS avalia os principais conteúdos e domínios cognitivos em matemática e ciências a serem testados. As matrizes de competência (em inglês, framework) do TIMSS estão organizadas em torno de duas dimensões: i) dimensão de conteúdo, especificando os domínios de assunto a serem avaliados; e ii) dimensão cognitiva, especificando os processos de pensamento a serem avaliados.
Entre os domínios de conteúdo estão álgebra e geometria, em matemática; e biologia e química, em ciências, enquanto os domínios cognitivos de conhecer, aplicar e raciocinar descrevem as habilidades de pensamento que se espera que os estudantes usem à medida que se envolvem com o conteúdo de matemática e ciências.
O estudo também contempla um questionário de contexto, que descreve os fatores domésticos, escolares e de sala de aula associados à aprendizagem dos alunos em matemática e ciências. Os questionários que dão embasamento à investigação contextual são preenchidos pelos alunos, seus pais, professores e diretores de escola.
A escala de proficiência do Timss é dividida em quatro níveis e pontos de corte: avançado (625), alto (550), intermediário (475) e baixo (400). Esses níveis são usados para categorizar os resultados dos alunos, refletindo sua capacidade nas áreas de matemática e ciências.
Com informações, Assessoria de Comunicação Social do Inep.
Acesse o Estudo Internacional de Tendências em Matemática e Ciências – TIMSS 2023>>
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