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Cultura Empreendedora

Açaí de Codajás recebe selo de Indicação Geográfica

"Ouro Negro" do Amazonas entra para a seleta lista dos 122 produtos nacionais com Indicação de Procedência

2/12/2024 - 10:00 Por Wilson Lopes

A cidade de Codajás (23.549 habitantes, 327km de Manaus) já sobreviveu da pesca dos lagos dos rios Amazonas e Madeira, da borracha que fornecia matéria-prima para a indústria bélica na Segunda Guerra Mundial, do turismo das praias ao longo do rio Solimões, mas, recentemente, redescobriu uma fonte de riqueza que estava por lá, desde os primórdios dos índios Cudaiá e Muras.

Agora reconhecido como ‘Ouro Negro’, o ‘Açaí de Codajás’ acaba de receber o registro da 122ª Indicação Geográfica, concedida pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). 

O novo título, na categoria Indicação de Procedência (IP), vai para a região de Codajás, no Amazonas, que ficou conhecida como centro de extração e produção de açaí. Na prática, o selo conquistado após quatro anos de trabalho em parceria com o Sebrae é um reconhecimento oficial de Indicação de Procedência concedido à região que se tornou conhecida em função das características únicas do seu açaí.

Terra do Açaí

O município de Codajás é denominado culturalmente como a “Terra do Açaí”. A região possui vegetação e clima favoráveis à produção, estando na lista dos maiores mercados nacionais do fruto. Essas características geram emprego e renda para cidade, que até 1938 consistia em uma aldeia indígena com o mesmo nome.

Conhecido como “ouro negro” pelos moradores da região, o açaí de Codajás foi dominante no Amazonas nos anos de 2018 a 2021, movimentando mais de R$ 31 milhões na economia. Somente no município, 70% da população atua em atividades indiretas relacionadas à produção e escoamento do açaí e cerca de 600 produtores trabalham de forma direta com o produto.

Para a analista de inovação do Sebrae, Hulda Giesbrecht, a conquista é merecida e comprova que o açaí de Codajás é uma iguaria de grande importância tanto para a economia quanto para a cultura da cidade amazonense.

“Esse produto possui grande relevância socioeconômica na atividade produtiva e extrativa para o município de Codajás, seja pelo número expressivo de famílias envolvidas, pela adoção de práticas sustentáveis ou pelo reconhecimento cultural, sendo fatores que contribuem para o desenvolvimento regional”, comenta a especialista.

95 empresas formalizadas

No Amazonas, onde se concentram palmeiras de açaí da espécie Euterpe precatória, ou açaí solteiro – nome atribuído pelo fato da espécie ter apenas um caule –, a palmeira pode chegar a 20 metros de comprimento. Em média, os apanhadores precisam subir em quatro delas para encher uma saca com os caroços, o que em outros estados demanda 12 subidas. Isso porque, conforme os produtores, os cachos da bacia do Solimões são grandes.

Com tamanha oferta de palmeiras de açaí, nativos e cultivados, a produção e venda para outros municípios se fortaleceu não apenas a partir das agroindústrias, mas também com os batedores artesanais de Codajás. São 95 empresas formalizadas junto a prefeitura, a maioria delas envolvida nas diferentes etapas da cadeia.

De um sítio, os empresários Anselmo de Oliveira, 45, e Marineufas Bastos, 44, produzem o açaí exclusivo para venda em Manaus, onde os filhos e estudantes de 20 e 15 anos atuam nesse comércio. “Nós morávamos em Manaus e já vendíamos o açaí de Codajás, até resolvermos nos mudar para cá. Temos uma boa clientela, que ajuda, inclusive, a financiar a faculdade e estadia deles (na capital)”, destacou Marineufas.

“Acredito que o selo vai alavancar nosso negócio, porque a gente pode alcançar mercados mais distantes, como São Paulo. Temos amigos lá. Ainda não conseguimos enviar para lá por conta da burocracia, mas o leque vai se abrir”, projetou Anselmo.

7ª Indicação Geográfica do Amazonas

No Brasil, o selo de Indicação Geográfica é conferido pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), do Governo Federal. O reconhecimento é concedido a uma região que ficou conhecida ou apresentou vínculos relativos à qualidade e características de um produto ou serviço, conforme estabelecido na Portaria INPI/PR Nº 4, de 12 de Janeiro de 2022.

Atualmente, o Amazonas possui sete IGs: farinha de Uarini, peixes ornamentais do Rio Negro, abacaxi de Novo Remanso, pirarucu de Mamirauá, guaraná de Maués e Andirá-Marau (guaraná dos indígenas), cuja área contempla parte de municípios do leste amazonense e do Pará, e agora o Açaí de Codajás.

Em todo o Brasil são 87 Indicações de Procedência já reconhecidas, mais 35 Denominações de Origem (além de outras 26 estrangeiras). Atualmente, o INPI avalia 227 pedidos de registro.

Com informações, Agência Sebrae de Notícias. 

Acesse o Guia Básico de Indicação Geográfica (IG)>

Acesse as Indicações Geográficas: Indicações de Procedência Reconhecidas>

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