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"Habemus Papam"

A maior Igreja do mundo aguarda a sucessão de Pedro

Processo eleitoral exclui os votos por aclamação ou de forma indireta e próximo pontífice terá que conquistar pelo menos 90 dos 135 eleitores de corpo presentes na Capela Sistina

22/04/2025 - 16:02 Por Wilson Lopes

Após a morte do Papa Francisco (21/04/2025), o Departamento de Celebrações Litúrgicas do Vaticano anunciou os detalhes das exéquias (funerais), conforme as indicações estabelecidas no ‘Ordo Exsequiarum Romani Pontificis’, documento que rege os ritos funerários do Pontífice Romano.

Realizadas as cerimônias, o sepultamento e o Novendiali (novenário - os nove dias de luto e orações em honra ao Pontífice falecido), o atual cardeal decano do Vaticano, o italiano Giovanni Battista Re, convoca os cardeais para a eleição do novo Papa, conforme a Constituição Apostólica do Sumo Pontífice ‘Universi Dominici Gregis’, promulgada por João Paulo II, que versa sobre a vacância da Sé Apostólica e da eleição do Romano Pontífice, 

Todos os cardeais estão obrigados, em virtude da santa obediência, a obedecer ao anúncio de convocação e a dirigir-se para o lugar designado (normalmente a Capela Sistina, no Vaticano), a não ser que se achem impedidos por doença ou outro impedimento grave, o que deve ser reconhecido pelo Colégio dos Cardeais.

Atualmente, o Colégio Cardinalício é composto por 252 cardeais. Destes, têm direito a voto os 135 cardeais que ainda não completaram 80 anos de idade até a data da morte do Sumo (art.33), apesar de a constituição apostólica apontar um limite de 120 eleitores.

Outra mudança na reforma eleitoral de João Paulo II de 2007 foi acabar com a eleição por aclamação (sem a formalidade de votação) ou ‘per compromissum’ (método onde uma pequena delegação de cardeais é autorizada a eleger o pontífice em nome de todos os cardeais).

A art.62 da nova Constituição Apostólica estabeleceu o voto secreto e a necessidade de dois terços dos sufrágios, calculados com base na totalidade dos eleitores presentes. Caso o número dos Cardeais presentes não possa ser dividido em três partes iguais, requer-se, para a validade da eleição do Sumo Pontífice, um sufrágio a mais.

Supondo que os 135 cardeais com direito a voto exerçam a sua condição, o novo papa precisará de, no mínimo, 90 votos para ser eleito.

Normalmente, o novo papa é escolhido entre cardeais que estão na capela, mas nada impede que alguém que está fora do recinto seja eleito.

Confira informações estatísticas sobre o Colégio Cardinalício preparado pela Santa Sé:

Fonte: Vatican News

O conclave

O conclave é o ritual secular que marca a eleição dos novos papas. A palavra vem do latim ‘cum clave’ (fechado a chave, de onde é lançada a fumaça branca quando o novo pontífice é escolhido.

Antes da votação propriamente, ocorrem as reuniões gerais em que todos os cardeais participam e discutem os problemas da igreja e do mundo atual. A partir dali, começa-se a delinear perfis que possam assumir o papel do bispo de Roma, que será o papa.

Nesse momento, é proibido o uso de dispositivos eletrônicos ou qualquer contato com o exterior. Se a eleição começar no período da tarde, o primeiro dia terá apenas um processo de votação. Já os seguintes terão até quatro votações, sendo duas de manhã e duas a tarde. 

O conclave mais longo da história demorou 33 meses, quase três anos, para eleger Beato Gregório X como papa, em 1271.

Cada cardeal escreve o nome do escolhido em um papel retangular e deposita em uma urna. Após a sessão, dois apuradores abrem os papéis e leem silenciosamente os nomes, enquanto um terceiro os pronuncia em voz alta. As cédulas são furadas, amarradas umas às outras e queimadas no fogareiro.

Se ninguém atinge a maioria qualificada de pelo menos dois terços dos votos, é adicionada uma substância que tinge a fumaça de preto. Caso haja um eleito, o decano pergunta se ele aceita o cargo e qual o nome escolhido para exercer o pontificado.

Caso o cardeal escolhido aceite o cargo, as cédulas são queimadas com um aditivo branco, mostrando ao mundo que um novo papa foi eleito. Na sequência, há o anúncio com a famosa frase “habemus papam” (temos papa) na Basílica de São Pedro. Por fim, o papa aparece para dar sua primeira bênção.

O Colégio Cardinalício é quem assiste o carmelengo (administrador da Santa Sé) na organização do conclave para escolha do novo papa. O atual carmelengo, o irlandês Kevin Farrell, é quem anunciou a morte do Papa Francisco e atuará como chefe de Estado do Vaticano no período que vai dos funerais até o anúncio de quem será o novo papa. Esse período é chamado de Sé Vacante, quando a Igreja está sem seu líder.

Quem são os cardeais

Os cardeais são bispos ou arcebispos de importantes dioceses, escolhidos pessoalmente pelo Papa para formarem o Colégio dos Cardeais. São responsáveis pela assessoria direta ao Papa na solução das questões organizativas e econômicas da Santa Sé. São também os responsáveis pela eleição do novo papa enquanto não completarem 80 anos. Os cardeais são conhecidos por sua vestimenta, com a cor vermelha-carmesim (purpurada) como principal característica, que simboliza a disposição para o martírio pela fé. 

Cardeais brasileiros

O Brasil tem oito cardeais que integram o Colégio Cardinalício, cinco nomeados pelo Papa Francisco e três pelo papa anterior, Bento XVI. Apenas um deles não é votante, que é dom Raymundo Damasceno Assis, atual arcebispo emérito de Aparecida (SP), que tem 87 anos. Dom Damasceno foi nomeado por Bento XVI e participou do conclave que escolheu o Papa Francisco, em 2013.

Os sete cardeais brasileiros, que votam, são:

  • João Braz de Aviz, 77 anos, arcebispo emérito de Brasília.
  • Odilo Scherer, 75 anos, arcebispo de São Paulo.
  • Leonardo Ulrich Steiner, 74 anos, arcebispo de Manaus.
  • Orani Tempesta, 74 anos, arcebispo do Rio de Janeiro.
  • Sérgio da Rocha, 65 anos, arcebispo de Salvador, primaz do Brasil por conduzir a arquidiocese mais antiga do país.
  • Jaime Spengler, 64 anos, arcebispo de Porto Alegre e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
  • Paulo Cezar Costa, 57 anos, arcebispo de Brasília.

80% dos cardeais nomeados pelo Papa Francisco

O arcebispo emérito lembrou que 80% dos cardeais do colégio eleitoral foram criados pelo Papa Francisco, que, ao longo do seu pontificado, voltou-se muito para as periferias do mundo. “É um colégio representado por cardeais de todas as periferias do mundo”, disse dom Raymundo Damasceno Assis.

Dos 252 cardeais, 149 foram nomeados por Francisco, sendo 108 deles votantes. 

Do total dos cardeais, 114 são europeus, 37 asiáticos, 32 sul-americanos, 29 africanos, 28 norte-americanos, oito da América Central e quatro da Oceania. 

Entre os cardeais europeus, entretanto, apenas 46,5% podem votar (53). Na Ásia são 23 eleitores. Na África são 18 votantes, 17 na América do Sul, 16 na América do Norte, e quatro na América Central e na Oceania, cada.

Ao todo, 71 países estarão representados no conclave. Desse total, 54 países contam com apenas um cardeal votante.

Países com mais cardeais com direito a voto

  • 17 – Itália (12,6%)
  • 10 – Estados Unidos (7,4%) 
  • 7 – Brasil (5,1%)
  • 5 – Espanha (2,9%)
  • 5 – França (2,9%)
  • 4 – Argentina (2,9%)
  • 4 – Canadá (2,9%)
  • 4 – Índia (2,9%)
  • 4 – Polônia (2,9%)
  • 4 – Portugal (2,9%)

Cristianismo pelo mundo

O ‘The World Factbook’, publicação anual da Central Intelligence Agency (CIA) dos Estados Unidos, com informações sobre todos os países, estima que os cristãos representem 31,1% dos religiosos do mundo. Correlacionando o dado com o número de habitantes do planeta (8.057.236.243/2024), é possível prever que o planeta Terra tenha algo em torno de 2,505 bilhões de cristãos. 

A fé pelo mundo 

  • 1º Cristãos 31,1% (2,505 bilhões de fiéis)
  • 2º Muçulmanos 24,9% (2,006 bilhões de fiéis)
  • 3º Hindus 15,2% (1,224 bilhão de fiéis)
  • 4º Budistas 6,6% (531,7 milhões de fiéis)
  • 5º Religiões populares 5,6% (451,2 milhões de fiéis)
  • 6º Judeus <1%
  • 7º Outros <1%
  • 8º Não afiliados 15,6% 

Fonte: The World Factbook (estimativa de 2020)

Contudo, o ‘Anuário Estatístico da Igreja’, publicado em 2022 pela Fides (agência de notícias do Vaticano), estimou o número de católicos em 1.389.573.000 pessoas, o que representa 17,7% da população mundial. 

Os números do Vaticano mostram um aumento global de 13.721.000 (+0,03), em comparação ao ano de 2021, nos quatro dos cinco continentes (a exceção foi a Europa, com uma diminuição do número de católicos de 474.000). O aumento mais acentuado ocorreu na África (+7.271.000) e na América (+5.912.000), seguido pela Ásia (+889 mil) e Oceania (+123 mil). 

Educação e assistência social

No campo da educação e da formação, a Igreja administra 74.368 jardins de infância em todo o mundo, frequentados por 7.565.095 alunos; 100.939 escolas primárias para 34.699.835 alunos; 49.868 escolas secundárias para 19.485.023 alunos. Além disso, acompanha 2.483.406 alunos de ensino médio e 3.925.325 estudantes universitários.

As instituições de saúde, caridade e assistência administradas pela Igreja Católica no mundo incluem: 5.405 hospitais, 14.205 ambulatórios, 567 hospitais de hanseníase, 15.276 lares para idosos, doentes crônicos e deficientes, 9.703 orfanatos, 10.567 creches, 10.604 centros de aconselhamento matrimonial, 3.287 centros de educação ou reeducação social e totalizam 35.529 outros tipos de institutos sociais.

Composição religiosa no Brasil 

Enquanto os dados da composição religiosa no Brasil não atualizados, o IBGE considera o Censo Demográfico de 2010 para demonstrar a diversidade religiosa do país. Vale ressaltar que o quesito é respondido de forma aberta no questionário, permitindo aos entrevistados a nomeação de qualquer culto ou religião.

  • 64,6% dos brasileiros (cerca de 123 milhões) declaram-se católicos; 
  • 22,2% (cerca de 42,3 milhões) declaram-se protestantes (evangélicos tradicionais, pentecostais e neopentecostais); 
  • 8,0% (cerca de 15,3 milhões) declaram-se irreligiosos: ateus, agnósticos, ou deístas; 
  • 2,0% (cerca de 3,8 milhões) declaram-se espíritas; 
  • 0,7% (1,4 milhão) declaram-se as testemunhas de Jeová; 
  • 0,3% (588 mil) declaram-se seguidores do animismo afro-brasileiro, como o Candomblé, o tambor de Mina, além da Umbanda; 
  • 1,6% (3,1 milhões) declaram-se seguidores de outras religiões, tais como: os budistas (243 mil), os judeus (107 mil), os messiânicos (103 mil), os esotéricos (74 mil), os espiritualistas (62 mil), os islâmicos (35 mil) e os hoasqueiros (35 mil). 

Fonte: Censo Demográfico 2010/IBGE

Com informações, Agência Fides, Vatican News; Andreia Verdélio, Agência Brasil.

@cia @vaticannewspt @cnbbnacional

Dados do Colégio Cardinalício e os cardeais brasileiros que participarão do Conclave

Confira informações estatísticas sobre o Colégio Cardinalício preparado pela Santa Sé>> 

Confira a CONSTITUIÇÃO APOSTÓLICA DO SUMO PONTÍFICE JOÃO PAULO II - UNIVERSI DOMINICI GREGIS >>

Acesse o The World Factbook/Religions>> 

 

 


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