O Censo Demográfico 2022 revelou que em apenas três dos 5.568 municípios brasileiros há mais moradores em apartamentos do que em casas. Em Santos (SP), a cidade mais vertical do Brasil, 63,45% dos 418.608 habitantes residem em apartamentos; em Balneário Camboriú (SC), são 57,22% dos 139.155 moradores; em São Caetano do Sul (SP), são 50,77% dos 165.655 residentes.
“Santos é um município com boa parte de sua área em uma ilha, onde fica a parte urbana já totalmente ocupada. Por isso, a tendência de expansão é a verticalização. Parte do que poderia ser a periferia e regiões menos adensadas estão em municípios vizinhos”, explica Bruno Perez, analista da pesquisa.
Já Balneário Camboriú (SC) segue uma lógica diferente. Com uma atividade mobiliária intensa nos últimos anos e sendo um destino turístico importante da região Sul, o município catarinense viu o percentual de moradores em apartamentos saltar de 48,9% para 57,2% do Censo 2010 para o Censo 2022. A cidade do litoral norte de Santa Catarina tem chamado a atenção pelo grande número arranha-céus construídos recentemente. "É uma tendência de áreas litorâneas valorizadas economicamente: um adensamento que gera verticalização para atrair mais pessoas que querem estar próximas às praias”, justifica o pesquisador.
Completa a lista São Caetano do Sul (SP). O município, diz Bruno, tem uma área relativamente pequena, com população de porte médio e muito inserida na Região Metropolitana de São Paulo, estando consideravelmente próxima ao centro da capital. “Ou seja, tem características semelhantes à área do chamado Centro Expandido de São Paulo: bastante adensado e tem verticalização considerável”, completa o analista.
Municípios com maior percentual de apartamentos
Posição | Município | Percentual |
1º | Santos (SP) | 63,45 |
2º | Balneário Camboriú (SC) | 57,22 |
3º | São Caetano do Sul (SP) | 50,77 |
4º | Vitória (ES) | 45,4 |
5º | Porto Alegre (RS) | 42,36 |
6º | Viçosa (MG) | 41,68 |
7º | São José (SC) | 41,05 |
8º | Niterói (RJ) | 40,2 |
9º | Itapema (SC) | 38,76 |
10º | Florianópolis (SC) | 38,64 |
Fonte: Censo 2022: Características dos domicílios - Resultados do universo
Em 2022, havia no país 59,6 milhões de casas ocupadas, nas quais residiam 171,3 milhões de pessoas. Ou seja, a maioria da população (84,8%) morava nesse tipo de residência. O segundo tipo mais encontrado foi apartamento, categoria de domicílio na qual residiam 12,5% da população.
Os domicílios do tipo “casa de vila ou em condomínio”, que em 2010 abrigavam 1,6% das pessoas residentes no Brasil, passou a abrigar 2,4% em 2022. Dessa forma, em conjunto, os tipos “casa” e “casa de vila ou em condomínio” reuniam 87,2% da população.
O amplo predomínio das casas entre os tipos de domicílios já havia sido registrado nos Censo Demográficos anteriores, assim como a tendência de aumento da proporção de apartamentos: em 2000, 7,6% da população residia nesse tipo de domicílio, número que passou para 8,5% em 2010 até chegar aos 12,5% registrados em 2022.
Bruno Perez explica que esse aumento é expressivo e nacional, sendo registrado em todas as regiões do país, embora seja mais típico dos grandes centros urbanos. “Essa verticalização é uma resposta ao adensamento da população dos municípios, principalmente nas áreas de região metropolitana e nos centros das cidades maiores”, afirma.
As demais categorias são residuais. Um grupo de 494 mil pessoas (0,2% da população) residia em domicílios do tipo “habitação em casa de cômodos ou cortiço”. As outras duas categorias abrigavam menos de 0,1% da população: “habitação indígena sem paredes ou maloca", com 52 mil pessoas, e “estrutura residencial permanente degradada ou inacabada", com 81 mil pessoas.
Piauí tem a maior proporção de pessoas em casas; Distrito Federal lidera em apartamentos
Na comparação entre o Censo de 2010 e o de 2022, a proporção da população residindo em apartamento” teve expansão em todas as regiões. O maior percentual segue no Sudeste (16,7%), seguido pelo Sul (14,4%). Na outra ponta, aparece o Norte (5,2%).
Entre as unidades da federação (UF), o Piauí teve a maior proporção da população residindo em domicílios do tipo “casa” (95,6%), seguido de perto pelo Tocantins (95,3%) e Maranhão (95,1%). Já a menor foi no Distrito Federal (66,14%), que por sua vez, liderava o ranking de percentual da população residindo em apartamentos (28,7%), enquanto o Tocantins (2,5%) teve a menor proporção no quesito.
A maior ocorrência dos domicílios do tipo casa de vila ou em condomínio foi registrada no Rio de Janeiro (5,9%), seguido por Roraima (5,3%). Espírito Santo (0,5%) apresentou o menor percentual.
As informações foram publicadas pelo IBGE no “Censo 2022: Características dos domicílios - Resultados do universo”.
Com informações Caio Belandi, Agência IBGE Notícias.
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