Mais de 155,9 milhões de eleitores vão às urnas no dia 6 de outubro para escolher prefeitos e vice-prefeitos de 5.569 cidades brasileiras, além de 58,4 mil vereadores. A campanha entra na reta final e os políticos tentam conquistar o voto daquele último cidadão indeciso. Mas quem são esses candidatos? E quem é o eleitor brasileiro?
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) divulgou um banco de dados que ajuda a esboçar esses perfis. Os painéis com estatísticas sobre as candidaturas e o eleitorado reúnem 140 conjuntos de informações e curiosidades — das mais genéricas às mais específicas. Em qual cidade a disputa para vereador é a mais acirrada? Quantos candidatos se declaram gays? Quantos eleitores têm mais de 100 anos de idade? Está tudo lá.
O número de cidadãos aptos a votar neste ano é 0,31% menor do que o verificado na disputa presidencial de 2022, quando o TSE registrou 156,4 milhões de inscritos. Parte da diferença se explica pela ausência dos 2,2 milhões de eleitores do Distrito Federal, que não elegem prefeitos e vereadores. Quando comparado ao último pleito municipal, realizado em 2020, o contingente de votantes em 2024 é 5,4% maior.
Se o número de eleitores cresceu, o mesmo não aconteceu com a quantidade de candidaturas.
Há 463,3 mil postulantes a cargos públicos neste ano — a marca mais baixa desde as eleições municipais de 2008, quando houve 381,3 mil.
Quem é o eleitor?
Se um aplicativo de inteligência artificial usasse os dados do TSE para construir a imagem da maioria do eleitorado brasileiro, a figura provavelmente retrataria uma mulher parda, entre 35 e 44 anos.
Dos 155,9 milhões de votantes registrados no país, as mulheres somam 52%. Os homens são 48%.
Entre o público feminino, a faixa etária de 40 a 44 anos concentra 8,3 milhões de eleitoras, seguida do intervalo entre 35 e 39 anos (8,1 milhões). No caso dos homens, o segmento entre 25 e 29 anos têm o maior número de inscritos (7,7 milhões), à frente apenas da faixa etária de 40 a 44 anos (7,6 milhões).
Uma curiosidade sobre a idade do eleitorado: neste ano, 724,3 mil adolescentes com 16 anos votam pela primeira vez. No outro extremo, há 213,8 mil eleitores com 100 anos ou mais.
Os pardos são a maioria do eleitorado brasileiro (53,57%), seguidos de brancos (33,34%) e pretos (11,39%). Os indígenas somam 0,98%, e os amarelos, 0,72%.
Questionados pelo TSE, 10,8% dos eleitores optaram por declarar uma identidade de gênero. Dessa fatia, a maior parte (89,17%) se diz cisgênero — quem se apresenta e se identifica com o mesmo gênero do nascimento.
Apenas 0,3% se dizem transgêneros, por adotarem uma identidade diferente do gênero com que nasceram. De acordo com o TSE, há 41.537 eleitoras e eleitores com nome social aptos a votar.
Os painéis também revelam o grau de instrução do eleitorado. A maior parte (27,04%) completou o ensino médio. Mas uma fatia importante não chegou a concluir o fundamental (22,48%) ou o médio (17,78%). O percentual de eleitores com superior completo é de 10,75%, seguidos daqueles que apenas leem ou escrevem (6,59%).
O número de votantes com algum tipo de deficiência saltou de 242,8 mil em 2012 para 1,4 milhão em 2024 — um incremento de 497,79%.
Os estados de São Paulo (445,4 mil), Minas Gerais (123,4 mil) e Rio de Janeiro (99,5 mil) têm o maior número de pessoas com deficiência no eleitorado. As unidades com menor participação são Roraima (3,4 mil), Acre (4,7 mil) e Amapá (5,2 mil).
Os estados de São Paulo (34,4 milhões de votantes), Minas Gerais (16,4 milhões) e Rio de Janeiro (13 milhões) sustentam o título de maiores colégios eleitorais do país. Juntos, eles somam 40,98% dos brasileiros aptos a votar. As capitais — São Paulo (9,3 milhões), Rio de Janeiro (5 milhões) e Belo Horizonte (1,9 milhão) — são as cidades com mais eleitores inscritos.
Os estados com menores contingentes de eleitores ficam na Região Norte: Roraima (389,8 mil), Amapá (571,2 mil) e Acre (612,4 mil).
A cidade com o menor colégio eleitoral do país é Borá (SP), com apenas 1.094 votantes. Em seguida, vêm Engenho Velho (RS) e Araguainha (MT) — com 1.192 e 1.253, respectivamente.
Os dados do TSE revelam ainda que 163 mil eleitores vão votar fora do local habitual neste ano. A maior parte é composta de mesários e convocados para trabalhar nas eleições (149,5 mil), além de juízes, promotores e servidores da Justiça Eleitoral (4.225).
Outro grupo importante em transferência temporária é formado por 6.322 presos provisórios. O TSE vai instalar seções eleitorais em estabelecimentos penais e unidades de internação de adolescentes.
Mais de 1,6 mil pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida devem ser deslocadas das seções de origem para unidades adaptadas. Militares em serviço, indígenas e quilombolas também têm direito à transferência temporária da seção eleitoral.
Quem é o candidato?
Os dados do TSE revelam que o perfil dos candidatos não reflete com exatidão as feições do eleitorado brasileiro. A maior parte dos postulantes se enquadra como homem branco, entre 45 e 49 anos.
Enquanto 66% dos candidatos são do sexo masculino, há apenas 34% de mulheres na disputa.
Os brancos representam 46,83% do total, seguidos de pardos (40,3%) e pretos (11,32%). Há um pequeno contingente de indígenas (0,56%) e amarelos (0,39%).
Provocados pelo TSE, 31,68% dos candidatos concordaram em divulgar a orientação sexual. Dessa parcela, 98,25% se dizem heterossexuais. Em seguida, vêm gays (0,73%), lésbicas (0,45%), bissexuais (0,32%), assexuais (0,13%) e pansexuais (0,05%). Um total de 348 candidatos se inscreveu com nome social.
A maior parte dos aspirantes aos cargos de prefeito, vice-prefeito e vereador tem o ensino médio completo (38,98%). Os candidatos com curso superior somam 28,28%, seguidos daqueles com fundamental completo (11,02%) e incompleto (10,44%), ensino médio incompleto (4,56%) e superior incompleto (4,55%). Um grupo de 9.927 candidatos (2,14% do total) dizem saber ler e escrever.
No quesito “ocupação”, há empresários (7,63%), servidores públicos (6,83%), agricultores (6,77%), vereadores (5,76%), comerciantes (4,34%), aposentados (3,77%) e donas de casa (2,69%). Mas a maior parte dos candidatos (21,89%) declara exercer outras atividades, sem especificá-las.
Um dado que chama a atenção diz respeito às pessoas com deficiência. Enquanto o número de eleitores nesse segmento quase quintuplicou desde 2012, as eleições deste ano registram uma redução de 24,45% entre os candidatos. O número caiu de 6.657, em 2020, para 5.029. São postulantes que declaram ter algum tipo de deficiência física (55,04%), visual (25,53%), auditiva (8,69%) ou outra (8,07%). Há ainda 134 pessoas com autismo (2,66%).
A maior parte dos candidatos disputa uma vaga de vereador. Eles representam 93,22% do total de registros.
A concorrência para uma cadeira nas casas legislativas municipais é alta: são 7,39 inscritos para cada mandato em disputa.
O confronto mais acirrado ocorre na cidade de Queimados (RJ), onde há 373 candidatos para apenas 17 vagas na câmara municipal. A dificuldade por lá fica bem acima da média nacional: são 21,9 postulantes para cada assento.
A concorrência mais baixa ocorre em 12 cidades de Alagoas, Ceará, Goiás, Paraíba, Piauí e Rio Grande do Norte, onde a proporção é de 1,11 candidato por vaga de vereador.
Considerando apenas as capitais estaduais, a disputa mais ferrenha para a vereança ocorre em Belo Horizonte (21,3 por vaga), Manaus (20,3) e Rio de Janeiro (20,1). A menor concorrência é registrada em Macapá (11,5), Maceió (11,6) e Boa Vista (12,9).
No caso dos prefeitos, a média em todo o país é de 2,8 inscritos por cadeira. Mas os políticos de Ubatuba (SP) e Araucária (PR) enfrentam um cenário mais desafiador: nesses municípios, são 11 aspirantes em disputa para cada vaga.
Por outro lado, em 212 cidades brasileiras a corrida ao paço municipal é “mamão com açúcar”. Para essas prefeituras, as eleições têm candidato único.
Entre as capitais, Belo Horizonte, Curitiba e São Paulo são as que têm mais candidatos a prefeito: são dez postulantes para cada cargo. No outro extremo, Rio Branco, Cuiabá e Palmas registram a menor concorrência, com apenas quatro aspirantes por vaga.
As estatísticas do TSE não são capazes de prever se os candidatos eleitos para prefeituras e câmaras municipais vão de fato refletir a imagem e os anseios da população. Isso é algo que só se define na hora do voto. Mas os números servem para apontar convergências e antecipar possíveis contradições — uma ferramenta a mais para estimular a identificação entre representantes e representados.
Com informações, Agência Senado.
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