Brasil ocupa último lugar no ranking internacional de competitividade industrial
Na comparação entre 18 países que competem no mercado internacional, o ambiente econômico foi um dos fatores que puxou o Brasil para a última posição do ranking
19 ABR 2025 - 16H39 • Por Wilson LopesO Ranking Competitividade Brasil, elaborado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) desde 2010, compara o país a economias que competem no mercado internacional em produtos industriais semelhantes. Na edição 2023/2024, que levou em consideração a performance de 18 países em oito fatores diretamente relacionados ao desempenho da indústria no âmbito internacional, o Brasil ficou em último lugar no ranking.
Os três fatores que mais comprometeram o resultado do Brasil foram ambiente econômico; desenvolvimento humano e trabalho; e educação, indicadores em que o país ocupa o último lugar. Em nenhum dos macroindicadores o Brasil aparece na primeira metade do ranking. A melhor posição brasileira é na performance em baixo carbono e recursos naturais (12ª posição), com destaque para o uso de energias renováveis.
Segundo o presidente da CNI, Ricardo Alban, a alta complexidade na tributação e os diversos gargalos na área da macroeconomia e de investimentos são alguns dos motivos que justificam a posição do Brasil no ranking. Para ele, reduzir o Custo Brasil e aumentar os investimentos nas áreas de transporte, energia e inovação são fundamentais para aumentar a competitividade do país.
“O caminho é desafiador e inclui a necessidade de recuperação de problemas trazidos pela pandemia e pela guerra, a redução do Custo Brasil, como também o aumento da produtividade e da inovação em todas as camadas da economia”, destaca Ricardo Alban.
Nesta edição, a Confederação trouxe alterações metodológicas importantes, com a redefinição de países que competem com o Brasil.
Anteriormente, a seleção de países era realizada pelo nível de desenvolvimento e/ou tamanho regional e inserção internacional similar à brasileira. O novo Ranking Competitividade Brasil (2023-2024) destaca as economias que possuem uma cesta de produção mais próximas à do Brasil e que estão presentes nos mesmos mercados, tanto em nível de importação quanto de exportação.
O superintendente de Política Industrial da CNI, Fabrício Silveira, explica que o mapeamento contínuo é importante para acompanhar a evolução relativa do Brasil. Segundo ele, a partir de agora, será possível saber se houve melhoria das condições de competividade da indústria brasileira, em relação aos seus competidores.
“O mapeamento dos pontos fortes e principais problemas da economia funciona como um diagnóstico sobre os aspectos que estão progredindo e aqueles que necessitam de maior atenção por parte do setor e do governo federal”, ressalta.
Taxa de juros e spread bancário arrastam ambiente econômico
O Ambiente Econômico foi um dos fatores que puxou o Brasil para a última posição do ranking. Fechando os três com pontuações mais baixas, a Argentina está em 17º lugar; e a Itália em 16º. A liderança nesse quesito é da Coréia do Sul; seguida pela China, em 2º; e pelos Países Baixos.
O fator Ambiente Econômico é composto por três grandes áreas: financiamento, tributação e macroeconomia e investimento. Financiamento incluiu taxa de juros de curto prazo; oferta de crédito privado; mercado de ações local; e spread bancário. Na área de tributação, são consideradas a complexidade na tributação; as alíquotas na renda corporativa; e a carga tributária.
Macroeconomia e investimento concentraram os temas relacionados a taxa de desemprego; inflação; dívida bruta do governo geral; taxa de investimento; e despesa com juros da dívida. Entre os critérios que puxam o Brasil para a última posição neste indicador, destacam-se taxa de juros de curto prazo; spread bancário; taxa de investimento; e despesa com juros da dívida.
Último lugar em Desenvolvimento Humano e Educação
No fator desenvolvimento humano e trabalho, o Brasil também se encontra em último lugar, num fator liderado também pela Coreia do Sul. O resultado se dá pelo posicionamento nas três áreas do tema: relações de trabalho, que aponta o país em 16º; saúde e segurança, em 15º; diversidade, equidade e inclusão, onde o Brasil ocupa o penúltimo lugar, 17º.
Na área de relações de trabalho, foram analisados os temas sobre razão de dependência e impacto das regulamentações trabalhistas na atividade empresarial. Em saúde e segurança, mortalidade prematura por doenças crônicas não transmissíveis e o índice de cobertura universal de saúde e diversidade e inclusão, foram avaliados os índices de desigualdade entre estados, índice de desigualdade de gênero e desigualdade de renda, sendo que nesta última o Brasil foi avaliado com as piores notas do grupo.
Problemas antigos (e persistentes) da formação educacional, como baixa adesão ao ensino técnico e volume baixo de formação de profissionais ligados a ciência e tecnologia, colocam o Brasil em último lugar no critério educação, cujo primeiro lugar é ocupado pela Alemanha.
O fator educação foi dividido em nível básico e profissional superior. Na educação básica, o índice levou em consideração a expectativa de anos de escolaridade; o gasto governamental de cada país em educação por estudante; além dos resultados do desempenho dos alunos no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA).
Com relação à educação profissional e superior, considerou-se a quantidade de graduados em cursos nas áreas de Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática (STEM); e pela quantidade de matrículas no ensino médio com ensino técnico.
País fica abaixo da média em cinco fatores de competitividade
Em outros cinco indicadores, o Brasil também esteve abaixo da média no ranking da competitividade industrial: ambiente de negócios; comércio e integração internacional; desenvolvimento produtivo, inovação e tecnologia; baixo carbono; e infraestrutura.
Em Ambiente de Negócios, liderado pelos Países Baixos, a performance brasileira ficou em 13º lugar, à frente de Colômbia, México, Peru, Argentina e Rússia, respectivamente. Nesse índice, a pesquisa mensurou governança; desburocratização; segurança jurídica; ambiente regulatório e segurança pública; e defesa do estado.
Na performance de Comércio e Integração Internacional, puxado pelos Estados Unidos, o Brasil registrou o 14º lugar, determinado por desafios como a integração da indústria ao comércio internacional; participação nas exportações da indústria de transformação; e exportação de média e alta tecnologia.
Ranking mostra evolução em indicadores de inovação e tecnologia
O Brasil também ocupou a metade inferior do ranking em desenvolvimento produtivo, inovação e tecnologia, em 15º lugar. No entanto, essa performance foi dividida em vários subgrupos que mostram avanços brasileiros. Por exemplo, o subfator que o Brasil está melhor colocado é o de ciência, tecnologia e inovação, ocupando o 12º lugar, em que se tem os indicadores de complexidade econômica associado à pesquisa e o de investimento em pesquisa e desenvolvimento, ocupando a 9ª e 11ª posição, respectivamente.
No entanto, a produtividade e inovação nas empresas puxa o país para uma posição abaixo da média do ranking de competitividade industrial.
O mesmo acontece com a performance de baixo carbono, onde o Brasil está na 12ª posição. O país se destaca positivamente no subfator de descarbonização, ocupando o 2º lugar no ranking, resultado de bons resultados em intensidade de emissões de gases de efeito estufa e no uso de energia renovável.
No entanto, ainda é necessário avançar em termos de economia circular, subfator em que o Brasil ocupa a faixa inferior do ranking, o que leva o país para a 12ª posição.
Más condições de rodovias e pouca eficiência em portos atrapalham o país
E, finalizando o ranking, está a performance de infraestrutura, em que o Brasil aparece em 15º lugar. A composição do indicador leva em consideração transporte e logística; energia; e infraestrutura digital e urbana. Os pontos de maior necessidade de melhoria são a qualidade das rodovias, a densidade da malha ferroviária e a eficiência nos portos.
O Brasil também não possui um bom desempenho em qualidade do transporte aéreo e não se mostra muito competitivo em infraestrutura digital e urbana.
Com informações, Rafaella Feliciano, Juliana Bezerra, Agência de Notícias da Indústria.
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