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(Des)igualdade salarial

Mulheres ganham menos; negras, bem menos...

Relatório de Transparência Salarial revela que mulheres recebem 20,9% a menos do que os homens para cumprir a mesma função

8 ABR 2025 - 16H05 • Por Wilson Lopes
Em 2024, as mulheres negras recebiam 47,5% do valor do que recebiam os homens não negros - Fabio Guimarães/Prefeitura de São Gonçalo-RJ

A participação das mulheres no mercado de trabalho aumentou, mas a desigualdade salarial persiste. Na remuneração média, os homens ganham R$ 4.745,53, enquanto as mulheres ganham R$ 3.755,01. Já quando se trata de mulheres negras, o salário médio vai para R$ 2.864,39, valor ainda mais distante em relação a homens não negros - cuja média é de R$ 3.647,97 - quando comparado com relatórios anteriores. Em 2024, elas recebiam em 47,5% do que recebiam em os homens não negros - em 2023, recebiam 50,3%.

Os números fazem parte do ‘3º Relatório de Transparência Salarial e Critérios Remuneratórios’, com base em informações de 53.014 estabelecimentos com 100 ou mais empregados, registrados no Relatório Anual de Informações Sociais (RAIS) de 2024. 

Divulgado pelos ministérios da Mulher e do Trabalho e Emprego (MTE), o relatório aponta que as mulheres ganham, em média, 20,9% a menos que os homens.

Foram analisados 19 milhões de vínculos, 1 milhão a mais comparado com a RAIS de 2023. No primeiro relatório, a desigualdade foi de 19,4% e no segundo, 20,7%.

Um dado positivo é que caiu o número de estabelecimentos com no máximo 10% de mulheres negras, comparado com os dados da RAIS de 2023. No
relatório anterior, havia 21.680 estabelecimentos, enquanto em 2024 são 20.452. 

Houve um crescimento na participação das mulheres negras no mercado de trabalho. Eram 3.254,272 mulheres negras e passou para 3.848.760. Outra boa notícia é que aumentou o número de estabelecimentos em que a diferença é de até 5% nos salários médios e medianos para as mulheres e homens.

Caso as mulheres ganhassem igual aos homens na mesma função, R$ 95 bilhões teriam entrado na economia em 2024, aponta o Relatório.

O Relatório aponta que as mulheres diretoras e gerentes recebem 73,2% do salário dos homens

Segundo a subsecretária de Estatísticas e Estudos do Trabalho do MTE, Paula Montagner, a porcentagem da massa de todos os rendimentos do trabalho das mulheres, entre 2015 e 2024, variou de 35,7% para 37,4%. “Essa relativa estabilidade decorre das remunerações menores das mulheres, uma vez que o número delas no mercado de trabalho é crescente”, argumenta Paula. As mulheres ocupadas aumentaram de 38,8 milhões em 2015 para 44,8 milhões (+6 milhões) em 2024 e os homens de 53,5 milhões para 59 milhões (+5,5 milhões) no mesmo período em 2024.

“A massa de rendimentos das mulheres é de 34,8% do total. Se fosse similar a sua parcela de empregadas (40,6%) a massa total seria expandida em R$ 95 bi (9% do total)”, afirma Paula.

A Prefeitura de São Gonçalo, no Rio de Janeiro, promove curso de trancista, com o objetivo de estimular o empreendedorismo feminino no município (Fabio Guimarães)

Transparência salarial

Em 3 de julho de 2023, foi sancionada a Lei nº 14.611, que aborda a igualdade salarial e de critérios remuneratórios entre homens e mulheres no ambiente de trabalho, modificando o artigo 461 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Empresas com mais de 100 empregados(as) devem adotar medidas para garantir essa igualdade, incluindo transparência salarial, fiscalização contra discriminação, canais de denúncia, programas de diversidade e inclusão e apoio à capacitação de mulheres. A lei é uma iniciativa do Ministério do Trabalho e Emprego e do Ministério das Mulheres.

Confira o 3º Relatório de Transparência Salarial>>