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Sem terra

Agricultura em telhados reduz a pobreza e o desemprego

Comunidade situada entre pequenos lagos salgados e terras áridas se torna autossuficiente em vegetais e mantém renda estável com cultivo hidropônico

6 MAR 2025 - 11H46 • Por Wilson Lopes
Dois agricultores cuidam de horta em telhado na vila de Nagaa Aoun, província de Beheira, Egito - Ahmed Gomaa/Xinhua

Beheira, Egito – Antes uma vila em dificuldades, Nagaa Aoun, província de Beheira, no Egito, ao norte do Cairo, passou por uma transformação significativa. Por meio da agricultura em telhados, a comunidade se tornou autossuficiente em vegetais e tem uma renda estável.

Liderando esse esforço está Ragab Rabie, um homem de 45 anos que iniciou o conceito na vila há 10 anos. Ex-pescador, Rabie foi inspirado por um vídeo de um fazendeiro chinês cultivando plantações em seu telhado. Vendo uma oportunidade de melhorar sua situação financeira e a de outros moradores, ele começou a buscar maneiras de implementar a ideia localmente.

A vila, situada entre pequenos lagos salgados e terras áridas, enfrentou dificuldades econômicas anteriormente. Muitos homens trabalhavam como diaristas em cidades próximas, encontrando empregos em construção, conserto de automóveis e agricultura.

Depois de pesquisar sobre agricultura hidropônica, Rabie convenceu vários moradores a participar de um projeto piloto. “O desafio inicial era que a maioria das casas na vila era feita de palha e junco, inadequadas para agricultura em telhados. No entanto, com a ajuda de empréstimos de bancos e instituições de crédito, muitos moradores construíram casas com telhados de concreto, perfeitas para instalar unidades hidropônicas”, relata Rabie.

As unidades podem ser cultivadas quatro vezes por ano, usando menos de um quarto da água necessária nos métodos agrícolas tradicionais (Ahmed Gomaa/Xinhua)

Subiu no telhado

Atualmente, os moradores de Nagaa Aoun estão colhendo os benefícios da agricultura em telhados. Rabie disse que cada unidade hidropônica, medindo 105cm de largura e 3 metros de comprimento, pode produzir 405 mudas, o equivalente à produção de 175 metros quadrados de terra.

As unidades podem ser cultivadas quatro vezes por ano, usando menos de um quarto da água necessária nos métodos agrícolas tradicionais, já que o sistema hidropônico circula a água em um circuito fechado, reduzindo o desperdício.

De acordo com Rabie, o projeto reduziu significativamente o desemprego na vila em 95% e melhorou os padrões de vida, com os moradores se beneficiando de melhores moradias, roupas e alimentos.

Rabie acredita que soluções inovadoras como a agricultura em telhados são essenciais para o futuro da agricultura do Egito, já que apenas 3 a 4% das terras do país são aráveis. “Os moradores não são donos de terras agrícolas, mas são donos dos telhados de suas casas”, ressalta.

Rabie e os moradores de Nagaa Aoun planejam promover a agricultura em telhados em vilas vizinhas, na esperança de aumentar a segurança alimentar e a estabilidade econômica no Egito rural.

Cada unidade hidropônica, medindo 105cm de largura e 3 metros de comprimento, pode produzir 405 mudas, o equivalente à produção de 175 metros quadrados de terra (Ahmed Gomaa/Xinhua)

Avanços na tecnologia

Rabie também tem acompanhado os avanços na tecnologia chinesa de agricultura em telhados e espera colaborar com empresas chinesas para melhorar a produção e a renda local. “A China é avançada no campo da agricultura em telhados, e podemos aprender muito com essa experiência e tecnologias”, disse.

Khaled Guwaida, 50 anos, ex-eletricista, foi convencido por Rabie a tentar a agricultura em telhados e teve sucesso na vila antes empobrecida. “Fiz um empréstimo, construí uma nova casa e instalei uma unidade hidropônica no telhado”.

Guwaida agora opera um viveiro, vendendo sementes e mudas para fazendeiros tradicionais, proporcionando uma renda estável para si mesmo e oportunidades de emprego para os jovens locais. “Meu negócio apoia os jovens da vila que ainda não têm os meios para estabelecer suas próprias fazendas em telhados”, comenta.

A iniciativa também chegou à Universidade de Alexandria, onde os moradores ajudaram a montar unidades hidropônicas para fornecer mudas e plantas aromáticas para pesquisa agrícola. “Queremos ser um modelo para outras vilas e ajudar a difundir este método agrícola por todo o país”, planeja Guwaida.

Com informações, Ahmed Shafiq, Xinhua.