Ligue 180 recebeu 573.131 violações contra mulheres em 2024
Os tipos mais recorrentes foram a violência psicológica, seguida pela física, patrimonial, sexual, moral e cárcere privado
7 FEV 2025 - 12H01 • Por Wilson LopesA reestruturação da Central de Atendimento à Mulher - Ligue 180, prevista na retomada do Programa Mulher Viver sem Violência (Decreto nº 11.431/2023), já começa a apresentar resultados. Em 2024, o canal atendeu 691.444 ligações oriundas de todo o território nacional, o que representa um aumento de 21,6% em relação a 2023. O número de atendimentos pelo WhatsApp, lançado em abril de 2023, também ampliou, passando de 6.689 em 2023 (743/mês) para 14.572 em 2024 (1214/mês) — um salto de 63,4%.
No total, contabilizando telefonia, WhatsApp, e-mail, entre outros tipos de canais de atendimento, o Ligue 180 realizou 750.687 atendimentos em 2024 — uma média de 2.051 por dia. Trata-se do principal serviço público e gratuito oferecido pelo governo federal, com a coordenação do Ministério das Mulheres, que orienta sobre os direitos das mulheres e sobre os serviços da Rede de Atendimento à Mulher em situação de violência em todo o Brasil, além de analisar e encaminhar denúncias para os órgãos competentes, com funcionamento 24 horas por dia, incluindo sábados, domingos e feriados.
Durante o ano de 2024, houve também um crescimento de 15,2% no número de denúncias feitas à Central Ligue 180, que passou de 114.626 denúncias em 2023 para 132.084 em 2024. Desse total, 83.612 foram realizadas pela própria vítima, 48.316 foram realizadas por terceiros e 156, pelo agressor.
Perfil das vítimas
Dentre os registros em que foi declarada raça/cor da vítima, verifica-se que as mulheres negras representam a maioria (52,8%) das denúncias de 2024, somando 53.431 casos contra mulheres pardas e 16.373 contra mulheres pretas. Além disso, mulheres brancas somam 48.747 denúncias, seguidas por amarelas (779) e indígenas (620).
Quanto à idade, os dados apontam que as faixas etárias mais atingidas foram mulheres entre 40 e 44 anos (18.583 denúncias), de 35 a 39 anos (17.572 denúncias) e entre 30 a 34 anos (17.382 denúncias).
Tipos de violência
Ao todo, 573.131 violações foram reportadas ao Ligue 180 em 2024, uma redução de 3,9% em relação a 2023, quando 596.600 violações foram registradas. Os tipos mais recorrentes foram a violência psicológica (101.007 denúncias); seguida pela física (78.651); patrimonial (19.095); sexual (10.203), violência moral (9.180) e cárcere privado (3.027). Segundo a metodologia utilizada pela Central, uma denúncia pode conter mais de um tipo de violação de direitos das mulheres.
Relação do suspeito com a vítima
Os dados de 2024 também revelam a predominância de suspeitos com relação íntima e/ou familiar com a vítima: companheiros(as) atuais, com 17.915 denúncias, ou ex, com 17.083 denúncias.
Cenário das violações
Em relação ao local em que ocorreram as violações, verifica-se que o ambiente doméstico e familiar foi o cenário mais comum. A “Casa da Vítima” apareceu em 53.019 denúncias, seguida pela “Casa onde reside a vítima e o suspeito” (43.097 denúncias) e “Casa do Suspeito” (7.006). Já o ambiente virtual (internet) somou 6.920 denúncias.
Início e frequência das agressões
Os dados indicam que há mulheres que vivenciam situações de violências por longos anos e diariamente. Ao todo, 32.591 denúncias são de violências que acontecem há mais de um ano, e 18.798 indicam que iniciaram há um mês.
Cerca de metade das denúncias (46,4%) apontaram que as vítimas eram agredidas diariamente, o que evidencia a persistência do fenômeno da violência contra as mulheres. “Ocasionalmente” foi a segunda categoria mais frequente, com 23.431 denúncias, seguida de “Única Ocorrência” (19.214) e “Semanalmente” (10.945). A categoria “Mensalmente” foi a menos registrada nas denúncias (2.453). Além disso, 13.982 denúncias não possuem a informação sobre a frequência das violações.
Nova Central e melhoria de fluxos
Em agosto de 2024, o Ligue 180 inaugurou central de atendimento, que passou a atuar de forma totalmente independente da Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos.
Também estão sendo firmados acordos de cooperação técnica com os estados para a capacitação dos pontos focais visando garantir a melhoria do fluxo de encaminhamento. Ao todo, 10 estados já aderiram ao ACT: Sergipe, Ceará, Rio Grande do Norte, Alagoas, Piauí, Acre, Tocantins, Mato Grosso, Maranhão e Distrito Federal, além do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP).
Novos protocolos de atendimento
A partir da nova Central de Atendimento à Mulher, o Ligue 180 passou a quantificar outros tipos de atendimentos realizados pelo canal voltados à disseminação de informações, como direitos das mulheres e a rede de serviços especializada.
Atualização da base de dados e lançamento do painel
Em 2023, o Ministério das Mulheres atualizou a base de dados do Ligue 180, que conta com informações sobre endereços e telefones de mais de 2,6 mil serviços especializados da Rede de Atendimento à Mulher, além de informações que tratam de direitos e garantias da mulher em situação de violência.
Ligue 180 - A Central de Atendimento à Mulher
O Ligue 180 é um serviço público e gratuito do governo federal que orienta sobre os direitos das mulheres e sobre os serviços da Rede de Atendimento à Mulher em situação de violência em todo o Brasil, além de analisar e encaminhar denúncias para os órgãos competentes. Funciona 24 horas por dia, incluindo sábados, domingos e feriados. Disponível também no WhatsApp: (61) 9610-0180 e pelo e-mail central180@mulheres.gov.br.
Com informações, Assessoria Especial de Comunicação Social do Ministério das Mulheres.
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