Forró é patrimônio cultural do Brasil
Gênero musical nordestino popularizado por Luiz Gonzaga e pelas festas juninas agora é patrimônio do povo brasileiro
24 JUN 2024 - 08H00 • Por Wilson LopesO forró acaba de ser reconhecido como manifestação da cultura nacional. A Lei 14.720, publicada no Diário Oficial da União, coloca o gênero musical nordestino no mesmo pedestal de outras onze manifestações classificadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
De acordo com o Iphan, os bens culturais de natureza imaterial dizem respeito àquelas práticas e domínios da vida social que se manifestam em saberes, ofícios e modos de fazer; celebrações; formas de expressão cênicas, plásticas, musicais ou lúdicas; e nos lugares (como mercados, feiras e santuários que abrigam práticas culturais coletivas).
“O patrimônio imaterial”, explica a presidente do Iphan, Larissa Peixoto, “é transmitido de geração a geração, constantemente recriado pelas comunidades e grupos em função de seu ambiente, de sua interação com a natureza e de sua história, gerando um sentimento de identidade e continuidade, contribuindo para promover o respeito à diversidade cultural e à criatividade humana.”
O pedido de registro para tornar o forró patrimônio cultural foi feito em 2011 pela Associação Cultural Balaio do Nordeste, da Paraíba. Para isso foi feito um amplo estudo sobre as origens do ritmo musical nordestino e da palavra forró, sua relevância em atividades como artesanatos, orquestras sanfônicas, escolas de dança e preservação de instrumentos (rabeca, sanfona, triângulo, pífanos, zabumba).
Forrobodó
O projeto que se transformou em lei é de autoria do deputado federal Zé Neto (PT-BA) e defendia o forró como um dos mais autênticos gêneros musicais brasileiros. Nascido a partir da mistura de ritmos tradicionais da Região Nordeste como baião, xaxado, coco, arrasta-pé e xote, o forró existe há cerca de sete décadas. Teve como seu precursor Luiz Gonzaga e foi popularizado pelas festas juninas.
Campina Grande, no Agreste da Paraíba, e Caruaru, a segunda maior cidade do interior pernambucano, disputam o título simbólico de Capital Brasileira do Forró. As duas cidades promovem as tradicionais festas de São João, no mês de julho e os números surpreendem.
O São João de Caruaru (378.052 hab.) deste ano recebeu mais de 3 milhões de pessoas e a programação contou com 800 apresentações, espalhadas em 24 polos da cidade. Já o São João de Campina Grande (419.379 hab.) reuniu mais de 2 milhões de pessoas e teve 500 atrações com mais de mil horas de forró.
Tramitam pelo Congresso Nacional outros sete projetos que pleiteiam o reconhecimento como manifestação da cultura nacional. São eles: o Carnaval de Pernambuco; Cristianismo; Modos de produção dos instrumentos musicais de samba; Rodeio crioulo; Artesanato em Capim Dourado; Produção de artesanato com a palha de ouricuri do Pontal de Coruripe (AL); e a Fabricação de redes em São Bento (PB).
Manifestações culturais e patrimônios culturais
- Feira de São Cristóvão, no Rio de Janeiro (2010)
- Música gospel (2012)
- Caminhada com Maria, em Fortaleza (CE) (2015)
- Rodeio e vaquejada (2019)
- Carnaval de Aracati (CE) (2021)
- Torneio de montaria, Freio de Ouro, em Esteio (RS) (2022)
- Marcha de resistência do cavalo crioulo (2022)
- Festas juninas (2023)
- Escolas de samba (2023)
- Carnaval de Nova Russas (CE) (2023)
- Uso de "pau de arara" em romarias religiosas (2023)
- Forró (2023)
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