Tabagismo pode causar 63 mil mortes por ano no Brasil
Estudo 'Impactos do tabagismo além do câncer de pulmão' leva em consideração letalidade de sete cânceres relacionados ao tabaco, responsáveis por 26,5% dos óbitos
27 NOV 2024 - 15H46 • Por Wilson LopesMais da metade dos pacientes diagnosticados com alguns tipos de câncer tabaco-relacionados no Brasil não sobrevivem à doença. Em alguns casos, a letalidade chega a mais de 80%, como o câncer de esôfago. A lista inclui ainda cânceres de cavidade oral, estômago, cólon e reto, laringe, colo do útero e bexiga.
Os dados fazem parte do estudo Impactos do tabagismo além do câncer de pulmão, divulgado no Dia Nacional de Combate ao Câncer (27/11), pela Fundação do Câncer. A publicação analisou a incidência, mortalidade e letalidade de sete tipos de câncer tabaco-relacionados e reforça que o cigarro se mantém como um dos maiores causadores de câncer e mortes evitáveis no país.
Luiz Augusto Maltoni, diretor-executivo da Fundação do Câncer, ressalta que em torno de 12% da população brasileira ainda fuma. "Nós precisamos continuar trabalhando para fazer com que as pessoas entendam os malefícios do tabagismo e reconheçam o cigarro como um dos principais causadores de doenças no ser humano, não só de cânceres, mas de doenças cardiovasculares e pulmonares".
Para ele, é inevitável que as pessoas relacionem o tabagismo ao desenvolvimento do câncer de pulmão, mas há outros tipos de câncer que são tabaco-relacionados, como os de esôfago, bexiga e o de cólon e reto, que têm como um dos fatores predisponentes o tabagismo, além do sobrepeso.
Maltoni também faz um alerta sobre um novo inimigo, os vapes. "Nosso país é um dos poucos que mantém proibido o cigarro eletrônico, mas não nos livramos ainda de discursos dirigidos aos jovens. Para enfrentá-los, precisamos unir a sociedade organizada e as instituições médicas contra as forças da indústria do tabaco".
Ele ressalta que a Fundação do Câncer lançou o 'Movimento Vape Off', cujo objetivo é sensibilizar e orientar a sociedade sobre os malefícios dos dispositivos eletrônicos para fumar.
Veja os principais dados do estudo 'Impactos do tabagismo além do câncer de pulmão'
Os cânceres relacionados ao tabagismo representam 17,2% do total de novos casos estimados (121.230):
- cavidade oral: 15.100
- esôfago: 10.990
- estômago: 13.340
- cólon e reto: 45.630
- laringe: 7.790
- colo do útero: 17.010
- bexiga: 11.370.
Juntos, eles representam 26,5% do total de óbitos (63.387):
- cavidade oral: 6.605
- esôfago: 8.571
- estômago: 9.171
- cólon e reto: 22.326
- laringe: 4.612
- colo do útero: 6.983
- bexiga: 5.119.
Câncer de cavidade oral
São estimados 15.100 casos novos de câncer de cavidade oral para o Brasil no ano de 2024 (10.900 em homens e 4.200 em mulheres). Ocorreram 6.605 óbitos no ano de 2022 no país (5.086 em homens e 1.519 em mulheres). A taxa de incidência para o Brasil foi de 7,64 no sexo masculino e 2,61 no sexo feminino, ambos a cada 100 mil habitantes.
Câncer de esôfago
É estimada, para o ano de 2024 no Brasil, a ocorrência de 10.990 casos novos de câncer de esôfago (8.200 em homens e 2.790 em mulheres). Em 2022, ocorreu um total de 8.571 óbitos pela doença no país (6.694 em homens e 1.877 em mulheres). A taxa de incidência ajustada para o Brasil foi de 5,46/100 mil nos homens e 1,43/100 mil nas mulheres. A taxa de mortalidade no país, em 2022, foi de 5 óbitos por câncer de esôfago para cada 100 mil homens e 1 óbito a cada 100 mil mulheres. Observou-se uma alta letalidade estimada em ambos os sexos, ficando acima de 80% para a maioria das regiões brasileiras.
Câncer de estômago
No Brasil, para o ano de 2024, é estimada a ocorrência de 13.340 casos novos de câncer de estômago na população masculina. A taxa de incidência ajustada é de 9,51 a cada 100 mil homens. Em 2022, houve um total de 9.171 óbitos por este tipo de câncer nos homens, tendo a sua taxa de mortalidade o valor de 6,97/100 mil.
Câncer de cólon e reto
Em 2024, é estimada a ocorrência de mais de 45 mil casos novos de câncer de cólon e reto no Brasil (21.970 em homens e 23.660 em mulheres). A mortalidade de 2022 mostrou a ocorrência de 22.326 óbitos pela doença no país (11.170 em homens e 11.156 em mulheres). Para o Brasil é apresentada uma taxa de incidência ajustada semelhante em ambos os sexos (12,43/100 mil nos homens e 11,06/100 mil nas mulheres). Já para a mortalidade, a taxa ajustada em homens foi de 8,48/100 mil e em mulheres 6,69/100 mil. A letalidade estimada para esta doença variou entre 40% e 60% entre homens e mulheres.
Câncer de laringe
É estimada a ocorrência de 7.790 casos novos de câncer de laringe no Brasil para o ano de 2024 (6.570 em homens e 1.220 em mulheres). Houve a ocorrência de 4.612 óbitos para este tipo de câncer no país em 2022 (4.034 em homens e 578 em mulheres). Os valores das taxas ajustadas de incidência e de mortalidade por câncer de laringe ficaram em torno de 5 casos novos e 3 óbitos por 100 mil homens para todas as regiões do país. A letalidade estimada para o Brasil foi de 65%. Entre as mulheres, as taxas ajustadas de incidência e de mortalidade ficam abaixo de 1 por 100 mil mulheres. Apesar disso, existe uma alta relevância em relação à letalidade da doença, variando de 48% a 88% em todas as regiões brasileiras. Os valores das taxas de incidência mostraram que a ocorrência desse tipo de câncer é cinco vezes maior em homens do que em mulheres.
Câncer do colo do útero
São estimados para o Brasil, em 2024, 17 mil casos novos de câncer do colo do útero na população feminina. As informações sobre mortalidade apontam a ocorrência de 6.983 óbitos por esse câncer no ano de 2022. As taxas ajustadas de incidência e de mortalidade para o Brasil foram 13,25 e 4,79 a cada 100 mil mulheres, respectivamente.
Câncer de bexiga
É estimada a ocorrência de 11.370 casos novos de câncer de bexiga no Brasil em 2024 (7.870 em homens e 3.500 em mulheres). Houve a ocorrência de 5.119 óbitos por esta doença no país no ano de 2022 (3.419 em homens e 1.700 em mulheres). As taxas de incidência ajustadas por idade, para o Brasil, foram 3,96/100 mil no sexo masculino e 1,58/100 mil no sexo feminino. Já as taxas de mortalidade foram 2,41/100 mil em homens e 0,92/100 mil em mulheres.
Com informações, Paula Laboissière, Agência Brasil.
@movimentovapeoff @fundacaodocancer
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