Apenas 14% dos brasileiros são contrários a restringir celulares nas escolas
Pesquisa mostra, ainda, que 54% são favoráveis à proibição total e 32% defendem liberação apenas para atividades pedagógicas, com autorização prévia do professor
24 NOV 2024 - 15H35 • Por Wilson LopesEstudo da ‘Nexus – Pesquisa e Inteligência de Dados’ aponta que a ampla maioria da população brasileira (86%) é a favor de algum tipo de restrição ao uso de celular dentro das escolas. Nesse grupo, 54% são favoráveis à proibição total dos aparelhos e 32% acreditam que o uso do celular deva ser permitido apenas em atividades didáticas e pedagógicas, mediante autorização prévia dos professores.
Apenas 14% dos brasileiros são contrários às medidas debatidas atualmente na Câmara dos Deputado, onde tramita um projeto de lei para limitar o uso dos celulares nas escolas. O Ministério da Educação chegou a anunciar que estava preparando uma proposta sobre o tema, mas não chegou a ser apresentada. O texto aprovado pela Comissão de Educação da Câmara proíbe o uso para crianças de até 10 anos. A partir dos 11 anos, é permitido para atividades pedagógicas.
Conforme a Nexus, os brasileiros entre 16 e 24 anos são os que mais apoiam, em algum nível, a proibição, embora nesse público a restrição total tenha menor aderência do que na população total. A pesquisa mostra que 46% dos entrevistados nesta faixa etária concordam com a proibição total do uso dos aparelhos (contra 54% na média da população), enquanto 43% defendem a utilização parcial dos celulares, somando 89% dos entrevistados.
Apesar de apenas 11% dos jovens serem contrários à proibição, quase metade deles (43%) vê o uso parcial dos celulares em sala de aula como uma alternativa viável. Entre os mais velhos, essa solução ganha menos adeptos: 32% dos acima de 60 anos, 31% dos que têm entre 25 e 40 anos e 27% dos brasileiros de 41 a 59 anos. Nesta última faixa etária, o percentual mais que dobra quando a opção é a proibição total, a escolha de 58% dos entrevistados.
Proibição ao uso de celular nas escolas
O levantamento da Nexus revela também que quanto mais alta a renda, mais as pessoas são favoráveis à proibição. Apenas 5% da população com renda superior a cinco salários mínimos disseram ser contrários à proposta que impede o uso de celulares nas escolas, contra 17% na população que ganham até um salário mínimo. A medida mais rígida também ganha mais adeptos entre os mais ricos: 67% acreditam que os celulares deveriam ser totalmente proibidos, diante de 54% dos brasileiros em geral.
“À medida que avança o debate sobre a imposição de algum tipo de restrição, fica clara a tendência das pessoas de aprovarem a medida. Isso é um sinal claro de que há forte preocupação dos pais, dos próprios alunos e também da população em geral com o tema, caso contrário não teríamos 86% de aprovação à alguma medida. Há uma clara percepção de que algo deve ser feito para evitar o uso excessivo de celulares nas escolas, a fim de preservar o processo de aprendizagem”, afirma o CEO da Nexus, Marcelo Tokarski.
Outro dado que chama a atenção, ressalta Tokarski, é não haver diferença de opinião entre quem convive ou não com crianças em idade escolar. “A aprovação da proibição total ou parcial é exatamente a mesma entre quem tem filhos ou mora com crianças matriculadas em escolas e quem não tem filhos nem vive com estudantes. Em ambos os perfis, 54% defendem a restrição total e 32%, a parcial, com liberação de uso apenas em atividades pedagógicas”, afirma o CEO da Nexus.
A Nexus realizou 2.010 entrevistas nas 27 Unidades da Federação. A margem de erro no total da amostra é de 2 pp, com intervalo de confiança de 95%. As entrevistas foram realizadas entre os dias 22 e 27 de outubro de 2024.
Com informações, Rodrigo Caetano e Lara de Faria.
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