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Patrimônio Material

Iphan publica portaria para proteger patrimônio Art Déco de Goiânia

Conjunto urbano inclui 22 edifícios e monumentos públicos no Centro da cidade e do Bairro de Campinas

25 DEZ 2024 - 10H33 • Por Wilson Lopes
As diretrizes visam assegurar a proteção e valorização do legado arquitetônico, promovendo um diálogo entre a preservação do patrimônio e as necessidades de desenvolvimento urbano - Foto: GoiasTurismo

Manter viva a memória de uma cidade requer a preservação das construções, repletas de história. Para isso, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) anunciou a Portaria 201/2024, que define diretrizes de preservação e critérios de intervenção para a área tombada e entorno do Acervo Arquitetônico e Urbanístico Art Déco de Goiânia, capital de Goiás.

As diretrizes estabelecidas visam assegurar a proteção e valorização do legado arquitetônico do acervo, promovendo um diálogo entre a preservação do patrimônio e as necessidades de desenvolvimento urbano. As intervenções nos setores residenciais, bem como nas áreas que envolvem a Estação Ferroviária e o Lyceu de Goiânia, também foram contempladas, garantindo que as características originais e históricas sejam respeitadas e integradas ao contexto atual da cidade. 

“A norma foi criada com participação popular, base técnica, responsabilidade e diálogo com o poder público local. O objetivo foi assegurar o respeito ao Patrimônio Cultural, adaptando-o às novas realidades e demandas sociais. Esse é o resultado de um esforço coletivo”, enfatizou o presidente do Iphan, Leandro Grass.

Palácio das Esmeraldas, na Praça Cívica (Doutor Pedro Ludovico Teixeira), sede do governo estadual (Foto: Convention Bureau Goiânia)

O documento foi elaborado a partir de consulta pública à sociedade. As contribuições foram especialmente focadas nos valores históricos do acervo, nos objetivos da nova Portaria e nos critérios de intervenção em diversas áreas, incluindo o traçado viário e os núcleos do Centro e Campinas. 

Antes, as análises de intervenções nas edificações eram feitas com base nos dados do processo de tombamento e em estudos realizados ao longo dos anos pela equipe técnica do Iphan.  “Esse processo demandava mais esforço da equipe técnica e gerava incertezas para os proprietários e profissionais responsáveis pelos projetos de intervenção. Com essa nova norma, a análise será mais rápida e os resultados serão melhores e mais eficientes, facilitando o atendimento do Iphan à população de Goiânia”, explicou o superintendente do Iphan em Goiás, Gilvane Felipe.

“Com a Portaria, os gestores dos bens tombados terão claramente descrito o que se deve preservar em cada um desses edifícios, tanto em relação aos elementos decorativos das fachadas Art Déco, quanto em relação aos materiais construtivos, como as telhas francesas e os ladrilhos”, complementou o superintendente. 

Os moradores e comerciantes do entorno desses bens e os proprietários dos imóveis na área central também deverão seguir os critérios de gabarito (altura) e forma de ocupação dos edifícios tombados. 

“A Portaria dá publicidade e transparência às diretrizes de preservação e critérios de intervenção adotados pelo Iphan”, ressaltou a coordenadora de normas de preservação do Iphan-GO, a arquiteta Letícia Klug.

A antiga Estação Ferroviária abriga o Museu Frei Confaloni (Foto: Secult)

Tombado pelo Iphan

O Acervo Arquitetônico e Urbanístico de Goiânia reúne edificações em estilo Art Déco e compreende um conjunto de bens, incluindo a Chefatura de Polícia, o Grande Hotel, o Palácio das Esmeraldas e o Teatro Goiânia. Abrange, ainda, a estrutura viária remanescente do Plano Urbano do arquiteto Atílio Corrêa Lima, além de um trecho da antiga vila de Campinas, atual bairro de mesmo nome.

Tombado pelo Iphan em 2003, o conjunto urbano inclui 22 edifícios e monumentos públicos, com maioria concentrada no centro da cidade, e o núcleo pioneiro de Campinas, antigo município e atual bairro de Goiânia. Entre essas edificações, destacam-se o Cine Teatro Goiânia e a Torre do Relógio da Av. Goiás, de 1942. Inaugurado em 1935, seu acervo arquitetônico é considerado um dos mais significativos do Brasil.

Acervo Arquitetônico e Urbanístico Art Déco de Goiânia

I - Chefatura de Polícia
II - Coreto
III - Delegacia Fiscal
IV - Departamento Estadual de Informação
V - Escola Técnica Federal e Pórtico
VI - Estação Ferroviária
VII - Fontes Luminosas
VIII - Fórum e Tribunal de Justiça
IX - Grande Hotel
X - Juízo Eleitoral
XI - Lyceu de Goiânia
XII - Mureta e Trampolim do Lago das Rosas
XIII - Obeliscos
XIV - Palace Hotel
XV - Palácio das Esmeraldas
XVI - Residência Pedro Ludovico
XVII - Secretaria-Geral
XVIII - Subprefeitura e Fórum de Campinas
XIX - Teatro Goiânia
XX - Torre do Relógio
XXI - Traçado Viário dos Núcleos Pioneiros (bairro Centro)
XXII - Traçado Viário dos Núcleos Pioneiros (bairro Campinas).

Teatro Goiânia (Foto: Secult)

Art Déco

Segundo a arquiteta e urbanista Camilla Ghisleni, em artigo para o archdaily.com.br, a arquitetura Art Déco deriva de um estilo artístico homônimo que surgiu na Europa nos anos 1920 influenciando – além da arquitetura – o cinema, moda, design de interiores, design gráfico, escultura, pintura, entre outras vertentes artísticas. “Historicamente, este estilo teve como marco principal a Exposição Internacional de Artes Decorativas e Industriais Modernas realizada em Paris em 1925, da qual derivou, inclusive, seu próprio nome”. Ela explica que, assim como as demais obras influenciadas pelo estilo, a arquitetura Art Déco combina um desenho moderno com elementos tradicionais, como artesanato fino, e materiais luxuosos, entre eles jade, laca e marfim. “Como sucessor dos movimentos Arts and Crafts e Art Nouveau, o Art Déco também recebeu influência das formas abstratas e geométricas do cubismo, das cores vivas do fauvismo e dos artesanatos e estilos de países como China, Japão e Egito”. 

Ghisleni ressalta que o viés decorativo e o método de composição derivam, ainda, da arquitetura Beaux-Arts por meio da simetria, axialidade e hierarquia na distribuição das plantas, além das fachadas proeminentemente divididas em base, corpo e coroamento (composição tripartite clássica) mas, desta vez, racionalizando os volumes e usando pontualmente a ornamentação. “Uma mescla de linguagens que foi considerada luxuosa, tendo sido incorporada pela burguesia enriquecida do pós-guerra”, completa.

Com informações, Mariana Alvarenga, Assessoria de Comunicação Iphan.

@gilvanefelipe @leandrograss @camillaghis @prefeituradegoiania @iphangovbr

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