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Segurança pública

Jequié, na Bahia, tem a maior taxa de mortalidade por intervenção policial

Mortes violentas da cidade provocadas pelas forças policiais superam em 1.380% a média nacional

6 OUT 2024 - 16H34 • Por Wilson Lopes
Jequié também figura em 3º lugar entre as cidades mais violentas do país (taxa de 84,4 por 100 mil), com um total de 134 vítimas de mortes violentas intencionais - PM/Bahia

Desde 2018, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública tem coletado os microdados de todas as mortes violentas intencionais (MVI) junto aos estados e ao Distrito Federal (DF). Isto significa que, no momento de elaboração 18º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, foi solicitado às forças policiais e Secretarias de Segurança Pública e/ou Defesa Social todos os boletins de ocorrência de homicídio doloso, latrocínio, lesão corporal seguida de morte, feminicídio e mortes decorrentes de intervenções policiais. 

A análise dos microdados dos boletins de ocorrência das mortes decorrentes de intervenções policiais permitiu a análise do perfil das vítimas, bem como o cálculo da taxa municipal.

A relação das 10 cidades com mais de 100 mil habitantes com as maiores taxas de mortalidade por intervenções policiais (MDIP) é encabeçada por Jequié, no interior da Bahia, cuja taxa de MDIP chegou a 46,6 por 100 mil pessoas. Essa taxa é 1.380% superior à média nacional (3,2 por 100 mil). Chama atenção ainda que, no ano passado, a maioria das mortes violentas da cidade foram de responsabilidade de agentes estatais (55,2%).

Na segunda posição aparece Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, com taxa de 42,4 mortes por 100 mil habitantes. Assim como em Jequié, a maioria das mortes violentas da cidade foram provocadas pelas forças policiais: do total de vítimas, 63,4% foram mortas pelas polícias Civil e Militar. 

Em terceiro lugar aparece Macapá, capital do Amapá, que também consta da relação de dez cidades mais violentas do país no ano passado e registrou taxa de 29,1 por 100 mil mortos em intervenções policiais, 40,8% do total de MVI.

Eunápolis é a quarta cidade da lista com taxa de 29,0 por 100 mil, sendo que 41,3% do total de casos foi de autoria de policiais civis e/ou militares. 

Itabaiana, no interior do Sergipe, ocupa a quinta posição com taxa de mortalidade de 28 por 100 mil. Assim como em Jequié e em Angra dos Reis, a maioria das mortes na cidade foram provocadas pela ação de policiais (63,0%).

Santana, no Amapá, que liderou o ranking das cidades mais violentas do país em 2023, ocupa a sexta posição entre as cidades com maiores taxas de letalidade policial com 25,1 mortos por 100 mil. Na cidade da região metropolitana de Macapá, 1 em cada 4 mortes foi de autoria das forças policiais no ano passado (27,0%). 

Simões Filho na Bahia ocupa a sétima posição com taxa de 23,6; Salvador (BA) aparece em oitavo lugar com taxa de 18,9 por 100 mil; Lagarto (SE) em nona posição com taxa de 18,7; e Luís Eduardo Magalhães (BA) na décima posição, com taxa de mortalidade de 18,5 por 100 mil. 

Dentre as 10 cidades com maiores taxas de letalidade policial em 2023, cinco estão no estado da Bahia (Jequié, Eunápolis, Simões Filho, Salvador, Luís Eduardo Maragalhães).

E por falar em Bahia, nota-se que dentre as 10 cidades mais violentas do país, 6 também estão no estado (Camaçari, Jequié, Simões Filho, Feira de Santana, Juazeiro e Eunápolis).

Além de liderar o ranking das cidades com mais de 100 mil habitantes com as maiores taxas de mortalidade por intervenções policiais (MDIP), Jequié também figura em 3º lugar entre as cidades mais violentas do país (taxa de 84,4 por 100 mil), com um total de 134 vítimas de mortes violentas intencionais. Destas, 74 (55,2%) foram decorrentes de intervenções policiais, ou seja, mais da metade da letalidade violenta na cidade foi responsabilidade do próprio Estado. Em 2022, Jequié foi a cidade líder do ranking, mas conseguiu melhorar sua taxa com redução de 5% nas mortes entre 2022 e 2023.

Jequié (158.813 habitantes), está a 365km de Salvador, na zona limítrofe entre a caatinga e a zona da mata. Foi fundada em 1897 (127 anos) e conta com 5.546 estabelecimentos no Cadastro Central de Empresas do IBGE, onde estão registrados 31.319 trabalhadores (19,7 % da população). O rendimento médio é de 1,7 salário mínimo mensal. O percentual da população com rendimento nominal mensal per capita de até 1/2 salário mínimo é de 43%.

Até o fechamento desta edição (19/07/24, 13h, a Prefeitura de Jequié ainda não havia se pronunciado em seu site e suas redes sociais acerca do Anuário Brasileiro de Segurança Pública. 

@prefeiturajequie @govba @forumseguranca

Com informações, Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

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