Já ouviu falar de Gavião Peixoto? É a melhor cidade do Brasil para se viver...
Índice de Progresso Social (IPS) aponta quais são as melhores cidades para quem está em busca de qualidade de vida
27 DEZ 2024 - 09H00 • Por Wilson LopesJulgar a qualidade de vida das cidades pelo seu poderio econômico nem sempre foi a melhor e mais justa medida, pois a concentração da riqueza poderia encobrir desequilíbrios na distribuição da renda. Inconformado com a questão, Michael Porter, professor de Administração e Economia da Harvard Business School, autor de diversos bestsellers sobre estratégias de competitividade, lançou, em 2014, no Skoll World Forum, evento mundial de empreendedorismo social, o Índice de Progresso Social (IPS).
Na prática, o IPS mede o desempenho das sociedades com base em resultados sociais e ambientais, em vez de indicadores econômicos como renda, oferecendo uma nova perspectiva sobre o desenvolvimento.
Para Michael Green, CEO da Social Progress Imperative, organização que coordena a publicação em 170 países, o IPS complementa as medidas de desenvolvimento, pois apenas o crescimento econômico sem progresso social pode resultar em degradação ambiental, aumento da desigualdade e conflitos sociais. “O IPS mede diretamente resultados finalísticos e tem sido usado para o planejamento, avaliação e aperfeiçoamento de projetos, programas e políticas públicas. O índice também serve de bússola para orientar os investimentos sociais privados nos municípios”, observa.
Sociedades sustentáveis
O IPS Brasil é fruto da parceria do Imazon com a Fundación Avina, Amazônia 2030, Anattá Pesquisa e Desenvolvimento, Centro de Empreendedorismo da Amazônia e Social Progress Imperative. O estudo mostra onde estão as maiores necessidades do país e os seus avanços que podem ser replicados em outros lugares do mundo. Além disso, o índice estabelece uma linguagem comum para governos, empresas e sociedade civil que permite uma conversa produtiva sobre seus respectivos papéis no combate à pobreza e na construção de sociedades sustentáveis. A partir de 2024, o IPS Brasil será atualizado anualmente para captar mudanças e tendências e contribuir para o aperfeiçoamento de políticas públicas e melhoria da gestão pública local.
O Progresso Social foi definido como “a capacidade da sociedade em satisfazer as necessidades humanas básicas, estabelecer as estruturas que garantam qualidade de vida aos cidadãos e dar oportunidades para que todos os indivíduos possam atingir seu potencial máximo”.
A partir desse conceito, o IPS foi formulado com base em quatro grandes princípios:
PRINCÍPIOS DO IPS
• Indicadores exclusivamente sociais e ambientais: o objetivo do IPS é medir o progresso socioambiental diretamente, sem a inclusão de indicadores econômicos.
• Foco nos resultados: o IPS deve medir os resultados que são importantes para a vida das pessoas (outcomes), não os investimentos ou esforços realizados (inputs).
• Orientador para políticas públicas e investimentos sociais privados: o IPS é utilizado como uma ferramenta prática para ajudar dirigentes públicos, líderes empresariais e da sociedade civil no planejamento, implementação e avaliação de políticas públicas e programas filantrópicos que acelerem o progresso social.
• Relevância: o objetivo do IPS é medir o progresso socioambiental de forma holística e abrangente, englobando todas as geografias como países, estados, municípios e até distritos e comunidades dentro dos municípios.
A estrutura do IPS possui três dimensões (Necessidades Humanas Básicas, Fundamentos do Bem-estar e Oportunidades) e 12 componentes. Cada componente responde uma pergunta orientadora e possui de três a seis indicadores.
O índice varia de 0 (pior) a 100 (melhor) e corresponde à média simples dos resultados do IPS das três dimensões (Necessidades Humanas Básicas, Fundamentos do Bem-estar e Oportunidades). Para calcular o IPS Brasil 2024 foram utilizados 53 indicadores. Todos esses indicadores são provenientes de fontes oficiais e de institutos de pesquisa, tais como Ministério da Saúde, Ministério da Cidadania, Sistema Nacional de Informações sobre o Saneamento (SNIS), Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Mapbiomas, Anatel, CadÚnico, entre outras.
RESULTADOS
Os resultados do IPS Brasil são apresentados por meio de scorecards para cada município, o que permite a visualização da sua pontuação (0-100) e classificação em relação aos demais municípios do país (x/5.570).
O IPS Brasil 2024 atingiu uma pontuação 61,83 para todo o país. Entre as dimensões, Necessidades Humanas Básicas alcançou pontuação 73,58, Fundamentos do Bem-estar atingiu 67,10 e Oportunidades obteve apenas 44,83.
A cidade que alcançou o melhor IPS do país foi Gavião Peixoto (74,49), na região de Araraquara, distante 317km da capital, São Paulo. Com 4.702 habitantes (IBGE/2022), o município está nas vésperas de completar seu centenário (5/12/1924) e, desde 2001, abriga as instalações de montagem de aeronaves da Embraer. Anteriormente, GPX (como gosta de ser chamada) já havia conquistado o prêmio de melhor cidade com nível de Desenvolvimento Socioeconômico e Ordem Pública no Estado de São Paulo, pelo prêmio Band Cidades Excelentes; e o primeiro lugar no ranking nacional e estadual do Índice Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro) de Desenvolvimento Municipal, com nota máxima em todos os quesitos: 1.0000.
Também subiram ao pódio do IPS Brasília (71,25) e a paulista São Carlos (70,96). Goiânia (70,49) e Nuporanga (70,47) completaram o Top 5. Entre as 20 primeiras colocadas estão 13 cidades paulistas, 2 de Minas Gerais, e uma de Goiás, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, além da capital federal.
Entre as 20 cidades piores avaliadas no IPS 8 são do Pará, 4 de Roraima, 2 do Amapá, 2 do Mato Grosso, 2 do Acre, e uma do Amazonas e Maranhão.
Entre os Estados, o Top 5 ficou com o Distrito Federal (71,25), São Paulo (66,25), Santa Catarina (64,24), Paraná (63,49) e Minas Gerais (63,11). Os três com menores avaliações foram Rondônia (55,67), Acre (55,31) e Pará (53,20).
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