Logo Agência Cidades

Emergência climática

Em 10 anos, 69% dos municípios brasileiros foram afetados por seca ou excesso de chuva

Na última década, 5.222 municípios publicaram 61.858 decretos de emergência e estado de calamidade pública, que provocaram 2.268 mortes

30 OUT 2024 - 11H02 • Por Wilson Lopes
A seca e o excesso de chuva são os responsáveis pelos decretos de emergência em 3.854 municípios - Rafa Neddermeyer/ABr

O artigo “Emergência climática: um país historicamente em situação de desastre”, publicado pelos analistas da Confederação Nacional de Municípios (CNM) Johnny Amorim Liberato e Jomary Maurícia Serra, no Boletim CNM (nov/23), acerca dos danos e dos prejuízos causados por desastres entre 2013 e 2023, identificou 61.858 decretações de situação de emergência e estado de calamidade pública em todo o Brasil, sendo a seca e o excesso de chuva os responsáveis pelo maior número de decretos (69,2%, ou seja: 3.854 municípios).

Entre 2013 e 2023, aponta a CNM, 93,7% dos 5.570 municípios foram afetados por desastres, ou seja, 5.222, contabilizando 3,9 milhões de desalojados e 2.268 de mortos. O mais agravante, adverte o artigo, é que, dentre os municípios afetados, 489 decretaram anormalidade em todos os anos, no recorte de 2013 a 2023.

O estudo da CNM contabilizou os dados até 2023 e, portanto, não levou em conta o evento climático extremo que afetou do Rio Grande do Sul.

“Em 10 anos, os desastres causaram R$ 586 bilhões de prejuízos aos municípios, correspondendo a R$ 48,8 bilhões em prejuízos por ano”.

Decretos de emergência e estado de calamidade pública (2013/2023)EventoNº de
Decretações
Decretações
(%)

Seca 25.131   40,6 Chuvas 17.691 28,6 Covid 19          15.528 25,1 Incêndios florestais      2.719    4,4 Outros       789  1,3 Total         61.858 100

Fonte: CNM/2023
 

68% das prefeituras admitiram não estar preparadas para enfrentar o aumento de eventos climáticos extremos (Rafa Neddermeyer/ABr)

Resultados alarmantes

Outro levantamento da Confederação Nacional de Municípios (CNM), divulgado pelo G1, intitulado “Emergência Climática”, realizado em dezembro de 2023 e janeiro de 2024, com 3.590 prefeituras (antes da tragédia no Rio Grande do Sul), já apontava o despreparo das administrações municipais para lidar com os eventos climáticos extremos:

“As projeções climáticas apresentadas nos relatórios oficiais do Painel Intergovernamental para Mudança do Clima (IPCC) afirmam que o aquecimento adicional na temperatura proporcionará uma influência imprevisível no ciclo global da água, tendo como consequências secas, incêndios, inundações devastadoras, eventos extremos ao nível do mar e ciclones tropicais mais intensos. Para os municípios brasileiros, que convivem há séculos com os desafios climáticos, essas projeções se tornam extremamente preocupantes”, alertam os analistas Johnny Liberato e Jomary Serra.

Acesse o Boletim CNM “Emergência climática: um país historicamente em situação de desastre”>

@portalcnm