Caracas: a encantadora de araras
Mabel Cornago, fotógrafa venezuelana, recebe a visita diária de araras em sua janela
1 NOV 2024 - 08H00 • Por Wilson LopesO perfil da fotógrafa venezuelana @mabelcornago conta com 2.194 publicações quase que em sua totalidade dedicadas à uma paixão: as guacamayas. Tanto que as incorporou ao seu sobrenome: Mabel Cornago Guacamayas.
Em entrevista ao site lustermagazine.com, a fotógrafa conta que a câmera e as guacamayas (araras) surgiram em sua vida de forma natural. “Não encontrei a fotografia, a fotografia encontrou-me. Desde pequena a lente do meu pai esteve presente e sem pensar nisso eu a tornei minha. Passei os últimos 15 anos única e exclusivamente dedicada à fotografia comercial e artística. Antes disso, era meu hobby.”
Sobre as araras, Mabel percorria os céus do vale de Caracas para captar em fotografia a expressão mais inesperada do pássaro que habita espontaneamente as janelas dos grandes edifícios e terraços da cidade. “Um dia elas vieram na minha janela, eu as alimentei e agora elas vêm com frequência”.
Assim como a fotografia entrou em sua vida, as araras também entraram. Sem procurá-las, elas chegaram e decidiram permanecer em seu rolo fotográfico: “Não decidi muito retratá-las: elas chegaram, me fizeram apaixonar por elas e ficaram; Peguei a câmera e começou esse encontro lúdico que acontece quando me visitam de manhã ou à tarde, várias vezes por semana.”
O seu diálogo com eles não se limita apenas a retratá-las, mas, também, a mimá-las e a partilhar alguns minutos. Relacionamento que formou um vínculo além do cotidiano: “Minha relação com elas é cordial, amorosa, chegam em bandos, sempre juntas. Em dupla, e elas até vêm com os filhotes procurar comida e estão acostumadas com a minha câmera. Elas não têm medo disso, claro que não dá para usar o flash. O que realmente lhes interessa é comer.”
Quando o chamado das araras substitui o silêncio da manhã, e à tarde ofusca a sinfonia de buzinas que musicalizam os horários de pico da capital venezuelana, Mabel sabe que elas se aproximam: “Eu as ouço e esse é o chamado para pegar a estrada. Câmera sobre a mesa, pronta e carregada, entre 6h30 e 7h30 e à tarde 16h ou 17h eles passam pela casa, também as fotografo no ‘Parque del Este’ muito de manhã cedo. Gosto daquele lugar porque elas estão em seu habitat.”
Mais do que mergulhar numa exploração formal da fotografia, Mabel distancia-se dela para focar naquilo que é o objeto da sua lente: “Não quero explorar nada da fotografia, quero explorar o que fotografo. É uma necessidade capturar um momento e nada como um clique para fazê-lo.”
@mabelcornago @mabelcornago7715
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