'Carro-pipa' é principal forma de abastecimento de água em 68 municípios nordestinos

Potência mundial em disponibilidade hídrica, Brasil ainda tem gente que passa sede

O Brasil abriga a maior bacia hidrográfica do planeta. Dos 7.500.000km² da bacia Amazônia, 3,89 milhões de quilômetros quadrados estão em território nacional. Além dela, outras 11 importantes bacias hidrográficas (rio Tocantins, São Francisco, Paraná e Paraguai são as maiores.) elevam o país à categoria de potência econômica mundial quando o assunto é a disponibilidade hídrica, com aproximadamente 12% de todas as reservas de água existentes no mundo, estima a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA).

Contudo, o relatório 'Conjuntura dos Recursos Hídricos no Brasil 2023', produzido pela ANA, revela que a mesma água que sobra em uma região é escassa em outra. O estudo mostra que a Operação Carro-Pipa (OCP), do Governo Federal, socorreu 443 municípios em 2022 (população de 1,45 milhão de habitantes), onde não havia outra alternativa de manancial para o abastecimento público.

Os dados do 'Censo 2022: Características dos domicílios - Resultados do universo' referendam o relatório da ANA. Conforme o IBGE, há 68 municípios na região do semiárido do Nordeste em que seus moradores dependem principalmente do carro-pipa para ter abastecimento de água em seus lares.

Entre os municípios, Algodão do Jandaíra (2.953 habitantes), na Paraíba, é o que mais depende do carro-pipa, seguida por Sossêgo (3.345hab), também na Paraíba, e Marcolândia (8.533hab), no Piauí.

Nos estados, o Pernambuco é o que apresenta o maior número de domicílios abastecidos por carros-pipa (7,67%). Em seguida está a Paraíba (6,45%) e Alagoas (3,87%). 

Abastecimento de água por carro-pipa (%)

• Pernambuco: 7,67
• Paraíba: 6,45
• Alagoas: 3,87
• Rio Grande do Norte: 3,45
• Piauí: 3,11
• Bahia: 1,99
• Sergipe: 1,78
• Ceará: 1,58
  Fonte: IBGE/Censo 2022

De forma geral, 83,88% dos domicílios brasileiros são atendidos por rede de distribuição. Entre as regiões, a Sudeste lidera (91,17%), seguida pelo Sul (86,89%), Centro-Oeste (85,65%), Nordeste (77%) e Norte (56,45%). 

No ranking estadual o líder é São Paulo (95,74%), seguido pelo Distrito Federal (93,37%). Só os dois estados têm cobertura acima de 90%. Na parte de baixo da tabela, com percentuais abaixo de 50% de cobertura, estão o Pará (48,9%), Rondônia (46,15%) e o Amapá (43,38%).

Rede geral de distribuição de água (%)

Posição Brasil     83,88 1º São Paulo    95,74 2º Distrito Federal     93,37 3º Paraná    88,83 4º Minas Gerais     87,89 5º Mato Grosso do Sul     87,2 6º Rio Grande do Sul     86,64 7º Sergipe     85,4 8º Rio Grande do Norte     84,94 9º Rio de Janeiro     84,72 10º Goiás     84,54 11º Santa Catarina     84,36 12º Espírito Santo     84,31 13º Bahia     83,12 14º Tocantins     81,74 15º Roraima     81,32 16º Mato Grosso     80,74 17º Ceará     79,21 18º Piauí     77,07 19º Paraíba     74,49 20º Pernambuco     71,3 21º Alagoas     68,14 22º Maranhão     66,15 23º Amazonas     66,08 24º Acre     52,56 25º Pará     48,9 26º Rondônia     46,15 27º Amapá     43,38

Fonte: Censo 2022: Características dos domicílios - Resultados do universo

Sobre os municípios, explica Bruno Perez, analista da pesquisa, há peculiaridades regionais que mudam a lógica de atendimento das formas de abastecimento de água de maneira expressiva. "Em 4.753 municípios, 50% ou mais da população era abastecida principalmente por rede geral e em 5.157 municípios a rede geral era a forma principal predominante de abastecimento de água."

O Censo 2022 também registra que em 69,3 milhões de domicílios, nos quais moravam 192,3 milhões de pessoas (95,1%), a água chegava encanada na residência. Para 2,5% da população, a água chegava encanada, mas apenas até o terreno. Para outros 2,4%, a água não chegava encanada.

R$ 1,00 X 6,2 litros de água

O relatório 'Conjuntura dos Recursos Hídricos no Brasil 2023' mostra que, em 2020, foram consumidos 6,2 litros de água para cada real gerado pela economia brasileira. 

O valor da produção de água de distribuição e serviços de esgoto foi estimado em R$ 74,5 bilhões em 2020. Entre os componentes dessa atividade destaca-se a água de distribuição, que respondeu por 65,7% desse total.

O custo médio da água e esgoto para o total das atividades econômicas foi de R$ 5,75/m³. Já o custo médio para as famílias foi de R$ 3,59/m³. O custo médio por volume de água e esgoto para o total da economia foi R$ 4,09/m³ em 2020. Em 2018, esse valor havia sido de R$ 3,50. Na Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura, esse custo médio foi de R$ 0,11 por metro cúbico (m³).

Mais informações:

Domicílios particulares permanentes ocupados, por existência de canalização de água e principal forma de abastecimento de água

Onde está a água no Brasil?>

Relatório Conjuntura dos Recursos Hídricos no Brasil 2023>

Com informações, Agência IBGE Notícias.