Imigrantes italianos vieram para o Brasil em troca de jacarandá

Estima-se que cerca de 10% dos brasileiros tenham ancestralidade italiana, o que representaria 20 milhões de descendentes

Se tem um assunto entre os italianos que não acaba em pizza é quando se discute qual município brasileiro pode ser considerado a “capital italiana” no Brasil. E o ex-presidente Michel Temer ainda botou mais lenha no forno ao sancionar a lei 13.617 (2018), reconhecendo Santa Teresa, no Espírito Santo, como município pioneiro da imigração italiana no Brasil.

Santa Teresa (22.808 habitantes), encravada na região serrana, se autoproclama Capital Estadual do Jazz e do Blues e é também conhecida como terra dos beija-flores e das orquídeas. Registra os primeiros colonos italianos em 1874. Muitos de seus descendentes ainda contribuem para manter a cidade com a marca de 80% da produção estadual de uva e vinho.

Do outro lado da mesa, os catarinenses reivindicam o título de “município pioneiro” à Colônia Nova Itália, de São João Batista, no Vale do Rio Tijucas. Segundo historiadores locais, a colônia foi fundada em 1836 (38 anos antes de Santa Teresa) por 132 imigrantes católicos do Reino de Sardenha.

Mão de obra por jacarandá

Pepperoni à parte, o Arquivo Público do Governo do Espírito Santo preserva documentos da época das expedições. A primeira delas foi realizada por Pietro Tabacchi, um italiano que já vivia no Espírito Santo e tinha propriedade em Santa Cruz (atual Aracruz).

Ao observar o interesse do governo brasileiro pela mão de obra europeia ele decidiu oferecer terras para os imigrantes em troca do direito de derrubar 3,5 mil jacarandás para exportação. O Ministério da Agricultura autorizou o acordo. 

Assim, no dia 3 de janeiro de 1874 partiu do porto de Gênova com o navio ‘La Sofia’, com 388 camponeses a bordo, a maioria de Vêneto, Lombardia, Trentino, Emilia Romagna e Piemonte. A chegada ao Espírito Santo ocorreu no dia 17 de fevereiro e o desembarque se prolongou até 27 do mesmo mês.

A Expedição Pietro Tabacchi escancarou os portos do Brasil para a imigração italiana, que teve seu ápice o período entre 1880 e 1930. Não há um número preciso, mas estima-se que 1,2 milhão de italianos tenha cruzado o Atlântico nesse período.

O ex-presidente do IBGE, Simon Schwartzman, acredita que cerca de 10% dos brasileiros tenham ancestralidade italiana, o que representaria 20 milhões de descendentes atualmente, com contribuição significativa na religião católica, nas artes, música, arquitetura, alimentação e no empreendedorismo.

150 anos da Imigração

A Lei 11.687/2008 instituiu o Dia Nacional do Imigrante Italiano e, para celebrar o 150º aniversário da imigração no Brasil, a Embaixada da Itália criou um concurso para a criação de um logotipo, envolvendo as escolas Liceu Científico Eugenio Montale e o Liceu Científico de Ciências Aplicadas da Dante Alighieri, de São Paulo, e o Liceu Científico da Fondazione Torino, de Belo Horizonte.

O aluno Joshua Azze Distel, de 17 anos, do 4º ano da Fondazione Torino, venceu o concurso, criando uma marca que representa um navio (meio de transporte utilizado por milhões de imigrantes) e um jogo de encaixes formados por linhas minimalistas, com o número 150 inserido em um semicírculo, que simboliza a ligação histórica e cultural entre os países.

O Consulado Geral da Itália também está preparando um calendário nacional de eventos que deverão ser realizados ao longo de 2024.

Para isso, está solicitando às associações e prefeituras que incluam suas programações em um cadastro único. Estes eventos serão analisados e, caso autorizados, receberão a ‘chancela’ do Consulado Geral.

Os eventos devem ser cadastrados até dia 31/04/2024 no e-mail: segreteria.curitiba@esteri.it, com o título “150 anos da Imigração italiana no Brasil – 2024”

Consulado Geral da Itália>

Prefeitura de Santa Teresa (ES)>

Arquivo Público do Espírito Santo>

@italyinbrazil @ItalyMFA @fundacaotorino @colegiodante @escolamontalesp