Formado por um arquipélago de nove ilhas encravadas no Oceano Pacífico, a cerca de 4 mil km a nordeste da Austrália e do Havaí, Tuvalu tem 26 km², sendo o quarto menor país do mundo (Nauru, Mônaco e o Vaticano são ainda menores).
Na sua história, a ilha da Oceania já foi colônia espanhola, protetorado britânico, palco de batalhas entre americanos e japoneses na Segunda Guerra Mundial, até tornar-se independente em 1978.
Contudo, Tuvalu corre o sério risco de ser o primeiro país da história a sumir do mapa. Por ter grande parte das suas ilhas com altitude que não passam de 4 metros, seu território tem sido tomado pela elevação do nível do mar, fruto do aquecimento global nos últimos 30 anos.
Na iminência de ver seu pequeno país ser submerso pelas águas oceânicas, o então vice-primeiro-ministro, Tavau Teii, aproveitou uma assembleia da Organização das Nações Unidas (ONU) para suplicar aos grandes países poluidores mundiais uma indenização a Tuvalu (oriunda de impostos sobre viagens aéreas e fretes de cargas marítimas), por ser o país que menos polui e o primeiro que sofrerá com os danos causados pelas emissões descontroladas de gases poluentes causadores do efeito estufa.
Sem indústrias, nem estações de TV, com apenas um hotel e um aeroporto para pequenos aviões, Tuvalu tem a sua economia baseada na receita do seu domínio de internet “.tv” (alugado para redes de televisão), do seu código internacional de telefone “900”, da cessão de sua bandeira para navios trafegarem em águas internacionais e da emissão de selos para colecionadores.
Boa parte de seus 11.342 habitantes está envolvida com a exportação da polpa de coco seco e do pândano - planta tropical aproveitada para a culinária, artesanato e paisagismo.
Água nas canelas
Como o apelo de Tavau Teii não sensibilizou quem deveria, o ministro da Justiça, Comunicações e Relações Exteriores de Tuvalu, Simon Kofe, participou da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP26), realizada em 2021 em Glasgow, na Escócia, de um “escritório” montado dentro d´água, onde recentemente era terra firme. Com água pelas canelas, Kofe deixou claro o drama que Tuvalu enfrenta. “Estamos afundando”, suplicou.
Situado em uma faixa de terra muito estreita, Tuvalu já sofre escassez de água potável nas suas ilhas, uma vez que os poços estão contaminados pela salinidade do mar que avança. Água para beber, só mesmo da chuva. A temperatura mais alta do oceano também tem provocado ciclones mais fortes, prejudicados os recifes de corais e a reprodução dos peixes.
O Painel Intergovernamental das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (IPCC) revelou que a taxa anual de aumento do nível do mar triplicou entre 1901 e 2018. Atualmente está em 3,7mm por ano. Em algumas regiões do Pacífico Sul, no entanto, o aumento médio do mar foi de 5 a 11mm por ano no último século. O relatório do IPCC não descarta um aumento de cerca de 2 metros até 2100 e 5 metros em 2150, decretando o epitáfio de Tuvalu. Atualmente, 40% da capital de Tuvalu, Funafuti, já fica submersa quando a maré sobe.
Metaverso
À luz de submergir e entrar para a posteridade, tal qual a Atlântida dos contos de Platão, Tuvalu não quer afogar-se nas próprias lágrimas, e já busca outros caminhos para o futuro.
Como não há amparo no direito internacional que sustente o desaparecimento de um país devido às mudanças climáticas, Tuvalu atua politicamente para ser reconhecido como um Estado, mesmo debaixo d’água.
Outra opção é comprar terras nas vizinhas ilhas Fiji, mas o ministro Kofe prefere não focar em uma possível realocação, mesmo que isso implique a probabilidade de a população acabar como refugiada do clima.
Enquanto a questão legal se arrasta, bem mais devagar do que as marés, o governo de Tuvalu já ‘comprou seu lote no metaverso’. E não se trata de crença e, sim, de sobrevivência.
O metaverso é um conceito de mundo virtual que utiliza a internet e a realidade aumentada para simular a realidade, por meio de dispositivos digitais. A ideia, explica o ministro Kofe, é recriar as ilhas virtualmente, para preservar sua cultura e a história. “Nossa terra, nosso oceano, nossa cultura são os bens mais preciosos de nosso povo. E para mantê-los protegidos nós os moveremos para a nuvem. Com a nossa terra desaparecendo, nós não temos outra escolha a não ser nos transformar na primeira nação digital do mundo”, conclui Koffe.
Mais informações sobre Tuvalu:
https://tcap.tv/
Assista ao vídeo do canal @Geolugar e faça um tour por Tuvalu...