A Ilha da Queimada Grande é uma das 300 unidades de preservação ambiental com gestão do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) no Brasil. Localizada a cerca de 35km do litoral de Itanhaém, no estado de São Paulo, a ilha é reconhecida como ‘Área de Relevante Interesse Ecológico’ pelo decreto 91.887/1985 por abrigar espécies ameaçadas de extinção, como tartarugas, golfinhos, o peixe cação, o pássaro garajau-real e a ‘Bothropoides insularis’, também conhecida como jararaca-ilhoa.
E é por conta desta serpente que o arquipélago, de 430.000m², ficou conhecido como ‘Ilha das Cobras’. No ‘Plano de Ação Nacional para Conservação da Herpetofauna Insular Ameaçada de Extinção’ pesquisadores do ICMBio calculam que cerca de 2.000 a 4.000 cobras habitem a ilha, uma média de uma jararaca a cada cem ou duzentos metros quadrados.
O risco de extinção da jararaca-ilhoa, espécie endêmica da ilha, ou seja, não ocorre em nenhum outro lugar no mundo, se dá pelo fato que originou o nome de ‘Queimada Grande’. No passado, pescadores e a própria Marinha do Brasil ateavam fogo nas encostas, para afugentar as cobras e possibilitar o desembarque.
O local abrigava um farol, que exigia a permanência de pessoas para sua manutenção. Mas os constantes ataques das serpentes levaram a Marinha a automatizar o farol na década de 1920. Desde então, ninguém mais reside na Ilha das Cobras.
Finalidade científica
Atualmente a ilha só é frequentada por pesquisadores que tenham autorizações para atividades com finalidade científica (SISBIO), expedida pelo ICMBio. No meio científico, ela é reconhecida como o maior serpentário natural do mundo. Segundo o Butantan, o local só perde para a Ilha de Shedao, na China, que abriga por volta de 20 mil serpentes.
A jararaca-ilhoa não tem concorrentes nem predadores e pode sobreviver cerca de seis meses sem se alimentar. É menor do que sua irmã do continente, atingindo entre 0,5 e 1 metro de comprimento, mas seu veneno é de 12 a 20 vezes mais forte. Sua cadeia alimentar é baseada em anfíbios, lagartos, aves e seus ovos, especialmente do atobá-pardo, muito comum na ilha, o que a levou a se adaptar e desenvolver a habilidade de escalar árvores, o que não é comum nas espécies do continente.
Outra ameaça, além do fogo, aponta o estudo do ICMBio, é a biopirataria, tanto para o tráfico de serpentes, quanto para o aproveitamento do seu veneno. “O veneno da jararaca do continente, por exemplo, deu origem a medicamentos como o anti-hipertensivo Captopril (que garante um faturamento anual de US$ 5 bilhões à multinacional Squibb) e o Evasin, patenteado recentemente por pesquisadores do Instituto Butantan”, diz o relatório.
Conhecendo a Ilha da Queimada Grande>
Plano de Ação Nacional para Conservação da Herpetofauna Insular>
Vídeo National Geographic Brasil>
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