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Número 2

Cocô de cachorro na rua dá multa de R$ 650

Cidade francesa apela para o teste de DNA para identificar o meliante canino que fizer o 'número 2' nas praças e parques

22/08/2024 - 14:00 Por Wilson Lopes

Os 69.153 habitantes da cidade francesa de Béziers já estão acostumados com as peripécias do prefeito Robert Ménard. Desde que foi eleito, em 2014, ele impôs toque de recolher a menores de 13 anos desacompanhados, empunhou campanhas contra imigrantes, impôs uma lei proibindo o cidadão de cuspir no chão, outra para impedir a instalação de antenas parabólicas no centro histórico da cidade, vetou os moradores de estenderem roupas do lado de fora das casas e fez um censo das crianças muçulmanas que estudam nas escolas públicas da cidade (na França, a lei proíbe que o governo realize estatísticas sobre a etnia ou a religião da população).

As façanhas de Ménard, no entanto, parecem agradar à população, que o reelegeu com 65% dos votos em 2020. Empoderado, o prefeito agora enfiou o dedo no cocô do cachorro, na teoria.

Na prática, ele instituiu uma política determinando que os cães da cidade tenham o DNA cadastrado no governo local. Para sair de casa eles precisam da companhia dos tutores e de um passaporte com a identificação. Se fizerem o ‘número 2’, o dono deve recolher imediatamente.

Caso deixe a lembrança para trás, e a equipe de limpeza da prefeitura encontrar o cocô de cachorro no chão, ela está autorizada a recolher e fazer o teste para encontrar o dono do animal, que será obrigado a pagar pela limpeza. As multas variam de 38 euros (R$ 202) a 122 euros (R$ 651).

O decreto assinado pelo prefeito Robert Ménard, que passeia todos os dias com seu labrador, pelas ruas de Béziers, justifica a medida enumerando a quantidade de "cagadas” recolhidas pelos trabalhadores do saneamento local: 25.607 vezes em 2020, 39.847 vezes em 2021 e 21.313 vezes em 2022. “Todos os anos, a cidade gasta 80 mil euros (R$ 425 mil) na coleta de cocô de cachorro. Não aguento mais”, disse Ménard ao The Washington Post.

Bob Esponja

Os adversários de Ménard rotulam as ações de estapafúrdias, midiáticas e casuísticas, ao ponto de lhe atribuírem o pseudônimo de Bob Esponja, personagem ingênuo da animação cujo otimismo acaba por irritar seus amigos. Enquanto isso, o prefeito reduziu os impostos em 4% a contratou mais agentes policiais. Agora, são dois carros da delegacia permanentemente estacionados nos pontos turísticos da cidade. “O turista fica mais tempo, os comerciantes apreciam”, escreve Gilles Debernardi, no Le Journal de Saône-et-Loire.

Robert Menard ficou conhecido na França como jornalista simpático ao socialismo e membro fundador da ONG Repórteres Sem Fronteiras. Mas foi eleito prefeito de Béziers com o apoio do partido de extrema-direita Frente Nacional. Já se descreveu publicamente como um “reacionário”, apoiando a reintrodução da pena de morte e opondo-se à legalização do casamento gay. 

Conheça um pouco de Béziers, no vídeo do canal @InternationalLiving>

 


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